Crítica documentário/in-edit
Filme não traz novidade sobre cena punk da capital dos EUA, mas agrada aos fãs
Em sua grande maioria, os documentários musicais estão presos em uma estrutura muito tradicional. Costuram depoimentos a imagens de shows e reproduções de filipetas, além de fotos antigas.
"Salad Days", filme sobre a cena punk de Washington, capital dos EUA, segue este mesmo roteiro: entrevista os principais personagens de um dos períodos mais influentes da história do rock e traz bom material de arquivo.
Scott Crawford, 44, diretor do longa, foi um garoto que desde cedo frequentava a cena local. Em passagens narcisistas --ele é um dos entrevistados do próprio documentário--, o jornalista aparece em fotos de shows nas quais aparenta ter dez anos de idade.
Seu conhecimento sobre bandas, polêmicas e questões que envolveram a produção daqueles punks da década de 1980, porém, possibilitou que o documentário construísse um panorama com muita informação, ainda que sem grande profundidade.
Tudo está lá: bandas como Teen Idles, Government Issue, Faith e Rites of Spring, músicos como Ian MacKaye e Brian Baker, o cenário econômico devastador da Washington do período e também o straight edge, termo de uma música do Minor Threat que se tornaria sinônimo de abstinência a drogas --o nome do filme também remete a um disco da banda.
Há também a violência do público, o método faça você mesmo levado ao extremo, a importância da gravadora Dischord e o movimento conhecido como Revolution Summer.
Se o documentário não traz novidades nem mostra o tema por uma nova perspectiva, ainda assim é uma grande oportunidade para os fãs.
Nunca é demais ver cenas de shows de Fugazi e Embrace ou ouvir as mesmas histórias contadas por seus atores, hoje na casa dos 50 anos. Aos que nunca ouviram nada do punk da capital dos EUA é uma chance imperdível de entender as influências declaradas de bandas como o Nirvana.
SALAD DAYS
DIREÇÃO Scott Crawford
PRODUÇÃO EUA, 2014
QUANDO seg. (6), às 21h, no CineSesc (r. Augusta, 2075, tel. 11-3087-0500); sáb. (11), às 17h30, na Cinemateca (lgo. Sen. Raul Cardoso, 207, tel. 11-3512-6111)
AVALIAÇÃO bom