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Crítica drama Diretora acerta com tensão silenciosa e enredo que abre mão da linearidade ANDRÉ BARCINSKICRÍTICO DA FOLHA O cinema raramente mostrou uma relação entre mãe e filho tão perturbadora quanto em "Precisamos Falar sobre o Kevin". O filme foi adaptado do romance homônimo de Lionel Shriver sobre uma família e como a vida dela é afetada por um ato monstruoso cometido por seu primogênito. Eva (Tilda Swinton) é uma escritora jovem e ambiciosa. Mas tudo muda quando ela engravida inesperadamente de Franklin (John C. Reilly). Contra a vontade dela, ele muda a família para o subúrbio. Sozinha com o filho, Kevin, Eva se vê perdida. Não consegue esconder sua aversão à criança, que passa a desafiá-la, num jogo de tortura psicológica. A história é contada em flashbacks. Hostilizada por vizinhos e agredida na rua, Eva vive num estado catatônico, num pesadelo permanente. A diretora Lynne Ramsay parece mais interessada em mostrar a psique torturada de Eva e a crescente tensão do relacionamento com Kevin do que em contar a história de forma linear. E acerta. Usando imagens carregadas de simbologia, consegue dar uma ideia do caos na vida de Eva. E a atuação contida de Swinton, injustamente esquecida no Oscar, ajuda. Ela não fala muito no filme. Aliás, ninguém fala. A família vive num estado de tensão silenciosa, uma negação do conflito que, para quem observa de fora, é evidente. O próprio título é irônico: "Precisamos Falar sobre o Kevin". Curiosamente, ninguém conversa sobre o menino ou com ele. Vê-se uma família em rota de colisão, à beira de um desastre. E, como num filme-catástrofe, nos perguntamos: por que ninguém fez nada para impedir? PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN
DIREÇÃO Lynne Ramsay |
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