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Restaurado, Museu de Belas Artes, no Rio, segue em ruínas

Diretora da instituição carioca avalia que o estado geral já melhorou, mas espera fundos para acabar trabalhos

Com rachaduras e infiltrações, prédio de 1908 passa por obras para abrigar grandes mostras neste ano

CRISTINA GRILLO
DO RIO
SILAS MARTÍ
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Os últimos oito anos foram de arrumação da casa. Mas, mesmo depois de R$ 15 milhões gastos em obras de infraestrutura, o Museu Nacional de Belas Artes, no centro do Rio, ainda tem problemas.

Nada tão grave quanto a situação em que a instituição se encontrava na década passada, na avaliação de Mônica Xexéo, funcionária de carreira da casa desde 1980 e sua diretora desde 2006.

Tanto que se sente confiante para programar duas grandes exposições em comemoração dos 75 anos do museu.

Na terça, 31, será aberta a convidados a mostra "Modigliani"; no fim de junho, será a vez de Leonardo da Vinci ocupar o local.

Há tempos o museu não traz ao Rio mostras de tal porte. Nos anos 90, multidões se formaram às suas portas para ver obras de Monet, Rodin e Salvador Dalí.

No passado recente, abrigou exposições do quadrinista Mauricio de Sousa, o criador da Mônica, e da animação "Rio", de Carlos Saldanha.

"Precisávamos parar e pôr ordem em tudo. Tínhamos grandes problemas estruturais e não havia como oferecer muita coisa para o público", diz a diretora.

Ela lista os feitos dos últimos anos: a reserva técnica foi modernizada, e os telhados, impermeabilizados; três das quatro fachadas foram reformadas, um novo sistema de segurança eletrônico foi instalado e toda a parte elétrica e hidráulica foi revista.

Mas ainda há problemas no prédio de 1908, transformado em museu 30 anos depois, que abriga o acervo da Academia Imperial de Belas Artes trazido por d. João 6º.

CALOR

Por enquanto, só uma máquina de ar-condicionado funciona, o que tem mantido as temperaturas em alta nas galerias do século 19, de arte moderna e contemporânea.

Em quatro das galerias -as que receberão as obras de Amedeo Modigliani- está sendo instalado um sistema de ar-condicionado central.

Os recursos já gastos não chegaram até a quarta fachada do edifício. Segundo Luciano Lopes, arquiteto do Iphan que acompanha as reformas, a última face, da rua Heitor de Melo, não foi restaurada porque a cúpula central deve passar por obras primeiro, para evitar novos danos que possam ser causados pelo transporte de materiais.

Em estado calamitoso, a cúpula aguarda a liberação de R$ 7 milhões do Ministério da Cultura para passar pelo restauro. Há janelas sem vidros, grandes rachaduras nas paredes que permitem ver o exterior e focos de infiltração; a pintura e os revestimentos estão descascados.

Na entrada principal, colunas de sustentação também estão descascadas, e parte dos frisos nas galerias de moldagens está quebrada. Numa delas, a claraboia também apresenta vazamentos.

Fechada para reformas por quatro anos, a galeria de arte do século 19, reaberta ao público em 2011, ainda tem demarcações, feitas com fita adesiva vermelha, das áreas atingidas por goteiras.

A direção do museu explica que as marcações se devem à prova de contrato: as obras feitas supostamente terminaram com as goteiras, mas a indicação precisa ficar visível por certo período para que, caso voltem, os responsáveis pela obra possam ser acionados.

"Para completar o trabalho, precisamos de mais R$ 10 milhões. O governo federal nos garantiu a liberação de R$ 8 milhões ao longo de 2012 e 2013. O restante vamos buscar na iniciativa privada", explica Mônica Xexéo.

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