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Folhateen

Família Rancore

Banda de rock leva tatuador para os shows e já tem mais de 200 fãs com o símbolo marcado na pele

DANILA MOURA
DE SÃO PAULO

Em 2008, o vocalista da banda paulistana Rancore, Teco Martins, 25, decidiu tatuar o logotipo do grupo, criado por dois amigos designers.

A namorada dele, Mariana Sario, 25, e o baterista, Ale Iafelice, 24, acompanharam a ideia, que tomou proporções impensáveis para os três.

Quatro anos depois, eles perderam a conta de quantos fãs têm seus corpos marcados pelo símbolo, cujo significado tem "algo a ver com ideais de liberdade e fazer o bem", segundo os integrantes.

"O Teco já tem contabilizados mais de 200 fãs tatuados no álbum de fotos do Rancore no Facebook", diz o baixista Rodrigo Caggegi, 25.

Em 2011, durante duas apresentações em São Paulo, o grupo contratou um profissional para tatuar os fãs dispostos a reforçar a legião.

"Na primeira vez, levei umas dez agulhas descartáveis. Pensei que sobrariam, mas acabaram rapidinho", conta Roger Marx, 31, tatuador contratado pela banda.

Tudo feito como manda a lei: tatuagem só para maiores de idade ou com autorização dos pais. De outubro para cá, Roger tatuou mais de 30 fãs do grupo.

Criada em 2001, a banda faz um som de pegada hardcore com batidas rápidas e letras simples de fácil empatia junto ao público jovem. O álbum mais recente, "Seiva" (2011), foi remasterizado no estúdio Bernie Grundman Mastering, em Los Angeles -por onde passaram Dead Kennedys e The Suicide Machine.

Com um disco bem produzido, a agenda de shows foi reforçada, agregando mais fãs, com quem os músicos têm uma relação próxima.

"Somos uma família: saímos juntos, conversamos com o pessoal da banda. Fiz muitos amigos indo aos shows", diz Thamiris Finelon, 18.

Ela, porém, fez a sua tatuagem quando era menor de idade. Precisou ir até Ribeirão Pires (SP) para encontrar um tatuador que topasse fazer o trabalho na surdina. "Meus pais ralharam muito na época, agora aceitam bem. Até perguntam curiosos sobre o Rancore", conta ela.

Carol (nome fictício), 17, fez o desenho na coxa, que esconde até hoje dos pais. "Estou esperando fazer 18 para contar. Meu aniversário é em março. Daí aproveito e faço outra no braço", planeja.

Heitor Tavares, 19, optou por uma reprodução de 20 cm nas costas. Arrepender-se não é algo que passa pela cabeça de nenhum deles, garantem.

PARA SEMPRE

Além de fazerem novos amigos com esse interesse em comum, os fãs do Rancore têm uma postura colaborativa. Eles ajudam a criar a cenografia dos shows e dos videoclipes, como "Mãe".

As convocações para os encontros são feitas pelo Twitter, e as reuniões costumam acontecer no vão do Museu de Arte de São Paulo, o Masp.

Os desenhos na pele servem de divulgação. Os oito tatuados ouvidos pelo "Folhateen" contaram que amigos começaram a ouvir o som da banda quando perguntavam sobre a tatuagem.

"O fato de eles se tatuarem cria uma responsabilidade maior para a gente. Não podemos decepcioná-los", arremata Iafelice. Apesar de respeitar os fãs mais afoitos, que fizeram as tatuagens ilegalmente, ele alerta: "É preciso respeitar a lei. Se não for maior de 18 anos, tem que ter autorização por escrito dos pais para marcar a pele".

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