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Trecho

Cada um tem suas razões, e você tem as suas para julgar como julga (de forma muito cruel, te digo com toda a franqueza) minha atitude com relação ao país. O que me assombra é que você não perceba uma coisa, e é que, por mais que eu quisesse (e como gostaria), é absolutamente impossível por enquanto que eu desembarque em meu país. Aproveito para dizer que você comete um erro lamentável quando faz referência à minha cidadania francesa, porque não a tenho (me negaram duas vezes), mas deveria saber que argentinos e franceses têm o princípio da dupla nacionalidade (...).

Quanto a tudo o que você me diz de suas impressões sobre a situação no país, está perfeitamente em seu direito, e não farei o menor comentário. Algum dia, talvez, você chegue a saber o que significa de verdade o fato de não poder lhe escrever sobre isso; por enquanto, continue contente com tudo o que a rodeia, porque saber que você está feliz e satisfeita me dá, como pode imaginar, uma grande alegria por você.

(...) Enfim, nada disso tem importância. Espero que mamãe continue bem, você também, e que logo receba notícias favoráveis dela ou suas.

(...) Até sempre, com um abraço do seu irmão que a ama,

Julio

Tradução livre da carta do autor à irmã, Ofelia Cortázar, escrita em Saigon (França) em 1978, que está no livro

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