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Televisão - Crítica documentário

Pioneiros recuperam histórias musicais e sociais do samba

Filme "As Batidas do Samba" tem depoimentos e "causos" de artistas do ritmo

RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Onde tiver um criolo, tem tambor. Quem diz é o baterista Wilson das Neves, que completa: cada um criando o seu som.

A história do samba em seus, digamos, cento e poucos anos, é a história da evolução de um ritmo (ou vários).

E é também a história da criação de um imaginário, da evolução comportamental brasileira e do caldeirão sincrético nascido em quilombos e centros urbanos na virada do século 19 para o 20.

Remontar tantos fatores históricos e musicais é a ambiciosa proposta do documentário "As Batidas do Samba", que tem sua estreia na próxima segunda-feira no Canal Brasil. As expectativas criadas se cumprem, no filme, com a casualidade (e seus "causos") necessária para um assunto tão empírico.

Como um panorama rápido e informativo, a produção apresenta uma história oral coletiva contada por artistas como Das Neves, Monarco, Marçalzinho, Paulão Sete Cordas, Moacyr Luz, Nilo Sérgio. Traz também diversos depoimentos históricos.

Acompanhamos na narrativa os primeiros tambores feitos de lata e o "insight" dos pioneiros de marcar o ritmo no prato-e-faca, tradição no samba de improvisar no acompanhamento.

O repique de mão com tantã e a formação clássica de cuíca, agogô, reco-reco, tamborim e surdo. Das pequenas formações às grandes baterias, das festas aos lamentos.

Dos primeiros tambus (um tipo de tambor) servindo de comunicação entre escravos africanos até o dia em que a música de Jorge Aragão se torna um primeiro elemento terráqueo em Marte (uma cientista brasileira colocou, em 1997, um samba de Aragão para despertar um robô da Nasa naquele planeta).

A narrativa aponta as origens do samba no semba africano, na etnia banto do Congo, no jongo e no candomblé até as transformações da polca e do maxixe, as revoluções rítmicas promovidas por Donga, Pixinguinha, Sinhô e João da Baiana.

Do som dos primeiros blocos de rua aos fundamentais experimentos de Ismael Silva com andamentos para desfile. Da levada no prato do samba-jazz ao pagode do Cacique de Ramos, passando toda a evolução das escolas de samba, cada uma delas com seu ritmo próprio.

O documentário, dirigido por Bebeto Abrantes, foi realizado em 2010 e exibido no ano passado durante o festival É Tudo Verdade.

No Canal Brasil, estreia como abertura de mostra especial de Carnaval.

O samba, como gênero e estilo, é um assunto tão fascinante quanto abrangente, e "As Batidas do Samba" ganha na abordagem fluida e dinâmica, aceitando a premissa de que essa é uma história em constante desenvolvimento. Aqui o bloco só para quando o tambor desafinar.

NA TV
As Batidas do Samba
Estreia do documentário
QUANDO segunda, dia 6, às 18h30, no Canal Brasil
CLASSIFICAÇÃO livre
AVALIAÇÃO ótimo

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