Manu Chao canta músicas inéditas "conhecidas" em SP

Na definição de um fã-clube, ele é "o franco-espanhol mais brasileiro que existe". Rotulado cidadão do mundo engajado, Manu Chao, 50, é o principal nome do Babel Fest, hoje, em São Paulo.

Ao responder "Onde você mora?", ele se atrapalha um instante. Depois afirma que quem precisa mandar uma correspondência para ele deve tentar seus endereços em Barcelona e em Paris.

Nada garante que estará lá. "Nas últimas semana eu passei por Arizona e Boston (EUA), Austrália, interior do Ceará, não paro", falou à Folha por telefone, de Recife, onde havia desembarcado na última quarta-feira.

As viagens não fazem parte de nenhum grande planejamento prévio. "Consigo me programar por uns três meses, não mais do que isso. Minha vida pessoal e profissional funcionam assim."

Ele é mais conhecido pelos hits de seu primeiro CD solo, "Clandestino", de 1998. Não lança um álbum de inéditas desde 2007, mas diz que tem muitas músicas novas que tocará hoje. "O público conhece, porque faço muitos shows e elas caem na internet."

Manu Chao não tem pressa de gravar. "Troco fácil o estúdio e o computador por cerveja, carninha, farofa, coisa de boteco, sabe? Show é para divertir as pessoas."

O combustível para tantos deslocamentos é o ativismo. Numa cidade do Arizona, ele tocou para ajudar imigrantes -legais e ilegais- que sofrem com o xerife local.

Em Boston, o show foi organizado por funcionários que ocupam uma fábrica há meses, desde que os proprietários falidos fugiram.

Ele recebe convites de organizações ativistas de todo o planeta. Como escolher as causas que valem a pena?

"Boa pergunta, mas não tenho uma boa resposta", afirma. "Tenho preocupação de descobrir o quão importante é cada pedido, mas sem uma fórmula para isso. Converso com muita gente para conhecer quem me convida."

Em 2001, Manu Chao fez show em um acampamento do MST no Ceará. Seu apoio ao movimento persiste. Ele tem um filho adolescente com uma cearense. Por isso passa muito tempo no Brasil.

"Não moro aqui, mas convivendo com brasileiros sinto que o país melhorou nesses últimos dez anos. Não faço uma análise mais profunda, não tenho condições, mas é evidente que a vida melhorou para muita gente."

O envolvimento de Chao com o Brasil vem desde 1992, quando Mano Negra, sua ex-banda punk, fez turnê viajando de barco pelo litoral, parando para shows. Um deles no Rio, durante a Eco 92.

BABEL FEST
QUANDO hoje, às 22h
ONDE Via Funchal (r. Funchal, 65, tel. 0/xx/11/3846-2300)
QUANTO de R$ 50 a R$ 150
CLASSIFICAÇÃO 16 anos