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"Guerra" e "Paz" de Portinari vêm a SP

Painéis que adornam sede da ONU são exibidos no Memorial da América Latina pela primeira vez após restauro

Exposição que começa hoje marca 50 anos de morte do artista e traz também seus esboços para os megaquadros

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

No galpão no Rio onde pintou os painéis "Guerra" e "Paz", Candido Portinari não conseguia ver as obras inteiras, pois o teto não comportava os 14 metros de altura de cada uma das composições.

"Imagina ter na cabeça o equilíbrio cromático do conjunto todo sem poder ver os quadros montados", provoca o filho do artista, João Candido Portinari. "Ele fez painéis monumentais como se fossem quadros de cavalete."

Agora, mais de 50 anos depois, as peças criadas em 1955 e 1956 para adornar a entrada da sede das Nações Unidas em Nova York são exibidas pela primeira vez ao público depois de serem restauradas no ano passado no Rio.

Também ganham a companhia inédita de cerca de 90 estudos preliminares de Portinari para os painéis. Nunca antes as peças foram expostas junto de seus esboços.

Todo o conjunto está agora no Memorial da América Latina. No salão de atos, criado por Oscar Niemeyer para abrigar "Tiradentes", outro painel de Portinari, estão agora "Guerra" e "Paz".

Na galeria do lado oposto do complexo, ficam seus estudos, enquanto a biblioteca do Memorial terá uma projeção virtual de quase toda a obra do artista, morto aos 58 há exatos 50 anos, em 6 de fevereiro de 1962, no Rio.

Portinari morreu intoxicado pelo chumbo nas tintas anos depois de concluir os dois painéis de Nova York, sua obra mais ambiciosa.

"Ele sabia que 'Guerra' e 'Paz' eram um risco", lembra o filho do artista. "Estava claro que isso podia ser fatal."

Mais de 50 anos depois, quando as obras puderam sair da ONU para serem restauradas, os reparos ocorreram no palácio Gustavo Capanema, no Rio, mesmo lugar onde Portinari foi velado.

Uma equipe de 18 restauradores trabalharam para retirar sujeira acumulada nos vãos entre as 14 placas que compõem cada painel e recuperar trechos desbotados da pintura -um investimento de R$ 7 milhões do BNDES.

"É uma diferença da água para o vinho", diz Portinari. "Antes havia pontos esbranquiçados nas pinturas; agora, elas estão mais intensas."

GUERRA E PAZ
QUANDO quando abre hoje, às 20h, para convidados; de ter. a dom., das 9h às 18h; até 21/4
ONDE onde Memorial da América Latina (av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, tel. 0/xx/11/3823-4600)
QUANTO grátis

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