Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Livros "Roça Barroca" resgata a poética de cantos guaranis Volume apresenta em português o mito sobre a criação de índios da América Josely Vianna Baptista, poeta que traduziu o livro, também reúne versos que fez durante a preparação da obra DE SÃO PAULOO encanto da poeta e tradutora Josely Vianna Baptista com a cultura ameríndia vem da infância. Quando menina, conheceu com o pai uma comunidade isolada de guaranis numa ilha fluvial, no norte do Paraná. "Lembro-me até hoje do chão batido daquela picada estreita por onde andamos até avistar as palhoças e ouvir aquela algaravia de sons." É na década de 1980, já universitária em Curitiba, que frequenta curso de língua e cultura guarani. Começa a traduzir nessa época o "Ayvu Rapyta", mito sobre a criação do universo dos Mbyá-Guarani, etnia que habita o centro-sul do país. A longa jornada dessa tradução se conclui agora com "Roça Barroca", que apresenta uma seleção desses cantos milenares. O volume se completa com versos que a poeta fez durante o percurso. Não é a primeira versão para o português, mas é a primeira "rigorosamente poética", explica a tradutora. As anteriores, diz ela, ao se concentrar no conteúdo, pouco privilegiaram a forma. Traduzir o "Ayvu Rapyta" é tarefa complexa não só pelas dificuldades de transpor versos do guarani para o português. Uma exigência era fazer com que soassem de modo similar no idioma. Baptista conta que o ponto de partida foi o estudo da tradução para o espanhol feita nos anos 1940 por León Cadogan. Depois, fez o que chama de "tradução ultraliteral". Mais tarde, retraduziu cada verso, em busca de "compensações para sua eficácia poética em nossa língua". Viagens à aldeia completaram a jornada. Contou ali com a ajuda de Teodoro Tupã Alves, ex-cacique e professor em Ocoy, São Miguel do Iguaçu (PR). Alves entoou os cantos em mbyá, que Josely gravou a fim de estudar as modulações sonoras. O título "Roça Barroca", como justifica a poeta, é a metáfora para traduzir a tessitura de vozes poéticas entrelaçadas no contexto de linguagens e história que compõem a América Meridional. Conhecida por traduções de autores de língua espanhola, Baptista tem agora à vista uma retradução de "Paradiso", de Lezama Lima, 25 anos depois de sua primeira versão para o português. De "Roça Barroca", deve concluir em breve um vídeo em parceria com Arnaldo Antunes. "Será meu primeiro roteiro para um videopoema." Roça barroca AUTORA Josely Vianna Baptista EDITORA Cosac Naify QUANTO R$ 28 (152 págs.) Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |