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Opinião

Grammy segue previsível e dá troféus a quem vende mais

Adele foi a grande vencedora da noite, que homenageou Whitney Houston

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

A morte de Whitney Houston ajudou a adicionar ao Grammy, sempre uma premiação tediosa e previsível, um tom reverente.

Ontem vários astros citaram a cantora, morta no sábado, aos 48, em Los Angeles, em seus discursos e apareceram rezando em momentos "introspectivos" -sempre diante das câmeras, é claro.

A primeira apresentação da noite foi de Bruce Springsteen, que tocou sua nova música, "We Take Care of Our Own". A canção, mais um brado patriótico desses de bater no peito e cantar em estádio de beisebol, à "Born in the USA", pode ser traduzida por "Nós Cuidamos dos Nossos". O que poderia muito bem ser o bordão dos Grammys.

Muito mais um concurso de popularidade, o Grammy sempre premia quem vende mais. Diferentemente do Oscar, que, por pior que seja, de vez em quando surpreende. Quem não lembra do pequeno "Guerra ao Terror" batendo o gigantesco "Avatar"?.

Com o Grammy não tem erro: ganha que vende mais. A lavada de Adele, portanto, não foi nenhuma surpresa.

Neste ano, o grupo que organiza o Grammy ainda fez questão de limitar ainda mais os vencedores, cortando quase um terço das categorias (de 109 para 78) e eliminando prêmios considerados menores, como o de jazz latino e de música havaiana.

Um grupo de jazzistas latinos entrou com um processo, alegando discriminação.

Nenhuma apresentação ao vivo realmente se destacou na noite. Paul McCartney tocou e depois dividiu o palco com Springsteen e Tom Petty, numa "jam session". Os remanescentes dos Beach Boys foram homenageados, e Jennifer Hudson fez um tributo à cantora que ela mais imita, Whitney Houston.

Entre os momentos mais bizarros, houve um número musical que emendou o DJ francês David Guetta com o Foo Fighters, e uma esquisitíssima apresentação da

rapper Nicki Minaj, com um clipe que citava o filme de terror "O Exorcista" (1973).

SEM SINTONIA

A falta de sintonia do Grammy com o estágio atual da cultura pop continua impressionante. O Foo Fighters ganhou cinco prêmios por um disco bom, mas que nenhum fã ousaria colocar entre os melhores da banda. E Bon Iver venceu como "revelação", quatro anos depois do disco que o revelou. O Grammy é isso aí.

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