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Feira espanhola atrai colecionadores para aplacar a crise

Arco gastou um terço de seu orçamento na tentativa de garantir compradores para suas mais de 200 galerias

A 31ª edição do evento, inaugurada ontem, tem a Holanda como país de destaque e aposta em obras vistosas e polêmicas

SILAS MARTÍ
ENVIADO ESPECIAL A MADRI

Na semana em que a nota da dívida espanhola sofreu mais um rebaixamento das agências de risco, a Arco -uma das principais feiras de artes plásticas do mundo- bancou a vinda de 250 colecionadores para Madri, cem a mais do que em 2011.

Com isso, torrou um terço de seu orçamento de cerca de R$ 9 milhões na tentativa de garantir compradores em tempos de crise.

Não parece fácil abrir o calendário global das feiras de arte num dos países mais atingidos pela recessão na Europa. No caso da Arco, que abriu ontem com três décadas de estrada, a tarefa é bastante árdua.

Em seu segundo ano à frente da feira, Carlos Urroz, que entrou com um choque de ordem limando as galerias menos criteriosas, garante que 80% das casas presentes no ano passado estão de volta, num total de mais de 200.

"Nesses momentos de crise, as feiras são importantes porque dinamizam o mercado", disse Urroz à Folha. "Também é importante ter uma presença internacional de colecionadores que se interessam pelas galerias."

No lugar de estreitar laços com países emergentes, a Arco se volta para a Europa, com a Holanda como país de destaque -uma tentativa de reforçar o colecionismo europeu que, aos poucos, vem se reavivando com resultados positivos nos últimos leilões.

Enquanto casas como Sotheby's e Christie's apostam em obras-primas para garantir o fluxo de caixa, galerias na Arco trazem obras vistosas -e polêmicas- aos pavilhões da feira.

Entre elas, estão um Francis Bacon de cerca de R$ 25 milhões -obra mais cara da feira-, um Botero de cerca de R$ 2 mi, uma imagem do ditador Francisco Franco (1892-1975) conservada num freezer da Coca-Cola e projetos de cunho político.

Na obra do brasileiro Marlon de Azambuja, bandeiras de países europeus estão presas a blocos de concreto.

Outros artistas brasileiros expostos na Arco tiveram bom desempenho. Nas primeiras horas da feira, o Centro Georges Pompidou, de Paris, mostrou interesse em comprar uma escultura de Lygia Pape (1927-2004) avaliada em cerca de R$ 1 milhão.

Galerias paulistanas também negociaram alguns trabalhos de Eduardo Berliner e Lia Chaia pouco depois da abertura dos portões.

O jornalista SILAS MARTÍ viajou a convite do Escritório de Turismo da Embaixada da Espanha e da Arco.

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