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Livros

Volume revê a história do samba no Rio

"Escolas de Samba do Rio de Janeiro", de Sérgio Cabral, conta surgimento de agremiações e entrevista músicos

Nova edição de livro de 1974 foi revista e atualizada; conversas com Cartola e Ismael Silva são destaques

Acervo UH/Folhapress
Ala dos capoeiristas da Mangueira, em desfile do Carnaval de 1965
Ala dos capoeiristas da Mangueira, em desfile do Carnaval de 1965

MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

"Um motivo de constrangimento é ver meus próprios erros repetidos em jornais e livros", diz, no prefácio da nova edição de "Escolas de Samba do Rio de Janeiro", seu autor, Sérgio Cabral.

Com o subtítulo (agora extirpado) "o quê, quem, quando, como e por quê", o livro foi lançado originalmente em 1974. E, desde então, é obra de referência sobre o tema.

A nova versão corrige muitos desses "erros". E amplia o espectro temporal, incluindo lista com todas as escolas vencedoras nos Carnavais -de 1932 ao ano passado.

As correções dizem respeito sobretudo a essa lista.

"Você não pode imaginar como foi difícil levantar essa lista, na ocasião. Não existia quase nada escrito sobre os desfiles", diz Cabral à Folha. "Só com o passar dos anos vi que as informações que colhi ali estavam erradas."

A narrativa parte do primeiro registro conhecido da palavra "samba", escrito em 1838 por frei Miguel do Sacramento Lopes Gama (1791-1852) na revista pernambucana "Carapuceiro", definindo "vários tipos de música e dança introduzidos pelos negros escravos no Brasil".

Esmiúça, a seguir, a origem do Deixa Falar, primeiro bloco carnavalesco da história, criado em 1928 pelo compositor fluminense Ismael Silva (1905-1978), entre outros. É a raiz de todas as agremiações que estavam por vir.

O desfile inaugural das escolas aconteceria em 1932, a partir de uma ideia do jornalista Mário Filho (1908-1966), irmão de Nelson Rodrigues.

Dono do jornal "Mundo Sportivo", Mário inventou a competição sambista para suprir a falta de notícia nas entressafras dos campeonatos de futebol. Na estreia, desfilaram apenas quatro: Estação Primeira (hoje, Mangueira), Vai Como Pode (Portela), Para o Ano Sai Melhor (Estácio de Sá) e Unidos da Tijuca.

ATUALIZAÇÃO

"Escolas de Samba..." ganhou atualização em 1996, quando foi reeditado pela primeira vez. Entraram novos capítulos, enfocando o pós-1974: o Carnaval "de Joãosinho Trinta, das vedetes, dos bicheiros" e, a partir de 1984, do Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio.

Cabral diz não ter interesse em atualizar a pesquisa ao Carnaval dos dias atuais porque, "desde 1996, pouca coisa mudou" nesse cenário.

"A tendência de escola de samba que se mantém é a de 'O Maior Espetáculo da Terra'", afirma. "A estrela não é mais o sambista, como antes. A estrela agora é a parte visual, as alegorias, as fantasias. E as vedetes, os artistas."

O Carnaval mais artesanal era muito superior ao industrializado de hoje?

"É preciso tomar cuidado com essa afirmação, não há campo mais fértil para o saudosismo do que o Carnaval", desvia. "Não há quem não diga que 'Carnaval bom era o do meu tempo'. Mas, com o tempo, concluí que as pessoas não têm saudade do Carnaval, mas de seus 18 anos."

PINGUE-PONGUE

O livro vai além das escolas, dedicando mais de 200 páginas a entrevistas com alguns dos compositores mais relevantes da primeira metade da década passada.

Nomes como Ismael Silva, Cartola, Carlos Cachaça, Alvaiade, Bide, Mano Décio da Viola, Aniceto Menezes, Raul Marques, Duduca, Dona Ivone Lara, Candeia, Mestre Marçal e Zé Kéti.

"São entrevistas feitas em períodos diferentes. Vi que ali estavam representadas todas as épocas das escolas de samba", diz. "Essas conversas, por elas mesmas, contam a história do Carnaval."

ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO

AUTOR Sérgio Cabral
EDITORA Lazuli/ Editora Nacional
QUANTO R$ 50 (496 págs.)

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