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Crítica Música Clássica

Óperas no Municipal resgatam legado de 22

"Magdalena"e "Pedro Malazarte" ganham montagens para celebrar os 90 anos da Semana de Arte Moderna

SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA

"Vou me levantar e dizer: Esta não é minha música!" Embora estivesse nos Estados Unidos em julho de 1948, Villa-Lobos (1887-1959) não cumpriu a promessa: recém-operado, não foi à estreia do musical-ópera "Magdalena".

A produção, em cartaz no Theatro Municipal de São Paulo, é parte da celebração dos 90 anos da Semana de Arte Moderna, e conta com regência de Luís Petri à frente da Sinfônica Municipal.

Mas o fraco libreto, aliado à costura descontextualizada de trechos de diferentes obras, tornam tudo provisório, nem ópera nem musical.

"Valsa da Dor" transforma-se em "Bonsoir Paris", e "Canto do Sertão" agora serve ao catolicismo piegas de uma comunidade de índios colombianos explorados por um general glutão.

O uso de microfones ainda não foi bem resolvido no Municipal: sobrou orquestra, faltou voz. Ainda assim, Luciana Bueno destacou-se como a chef Teresa, personagem construída com tempero certeiro entre graça e emoção.

Aquém e além das inseguranças pós-modernas, o espetáculo "Andradianas", composto por um prólogo e dois quadros, retoma 1922 com unidade e categoria.

Antes de tudo, o Coral Paulistano -criado pelo próprio Mário de Andrade (1893-1945)- espalhou música por diferentes espaços do teatro, do saguão aos banheiros.

Dentro da sala, a noite foi da "Suíte Vila Rica" (1958), de Camargo Guarnieri (1907-1993), músico que encarou como projeto de vida a busca pela "inconsciência nacional" proposta por Mário.

Coreografada por Lara Pinheiro, a "Suíte" foi dirigida por Carlos Moreno, que acentuou suas sutilezas.

Enfim, "Pedro Malazarte" (1932), ópera em um ato, parceria entre Guarnieri e Mário, evita a vanguarda europeia sem estancar no nacionalismo ingênuo.

Há quem diga que o pós-modernismo começou com Hiroshima em agosto de 1945. Mas, para nós, o fio que amarrava risco e estranhamento havia ficado frágil meses antes, com a prematura morte de Mário de Andrade.

MAGDALENA

QUANDO amanhã, às 18h; 23/2, às 20h; 25/2, às 20h
ONDE Theatro Municipal (praça Ramos de Azevedo, s/nº; tel. 0/xx/11/3397-0327)
QUANTO de R$ 40 a R$ 100
CLASSIFICAÇÃO 10 anos
AVALIAÇÃO bom

ANDRADIANAS

QUANDO hoje, às 20h; 24/2, às 20h; 26/2, às 18h
QUANTO de R$ 40 a R$ 100
CLASSIFICAÇÃO 10 anos
AVALIAÇÃO ótimo

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