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Festival em SP exibe documentário sobre ecoativistas radicais

'If a Tree Falls', dirigido por Marshall Curry, concorre ao Oscar no próximo domingo

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DE SÃO PAULO

O cineasta Marshall Curry não tem pronto o discurso de agradecimento do Oscar. "Isso com certeza daria azar", brinca, ainda incrédulo com a indicação que recebeu por seu "If a Tree Falls - A Story of Earth Liberation Front".

O documentário, codirigido por Sam Cullman, também foi selecionado para a 1ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, que começa em 15 de março em São Paulo.

Fala sobre um grupo de ambientalistas radicais que incendiou empresas e instituições governamentais nos EUA para chamar a atenção contra a derrubada de árvores.

O Earth Liberation Front foi criado depois que protestos pacíficos começaram a ser reprimidos com violência pela polícia.

No Oregon, em 1997, manifestantes subiram em árvores para tentar impedir que fossem cortadas. Os policiais cortaram as calças deles e atiraram spray de pimenta em seus órgãos genitais.

Um deles aguentou algumas horas, mas não foi o suficiente. As árvores deram lugar a um estacionamento.

O longa mostra que foram desastrosas ações de repressão como esta que culminaram na radicalização dos movimentos ambientalistas.

"Não é um filme em defesa de nenhum movimento. A minha opinião não bate com a de nenhum envolvido", diz.

A ideia para o projeto veio por acaso. A mulher de Curry lhe contou que um empregado da ONG onde trabalhava havia sido preso. "Daniel McGowan não me parecia um ambientalista radical. Era um cara comum que de repente enfrentava uma possível prisão perpétua. Quis entender o que o levou até ali."

Vários lados da história foram ouvidos, desde o cinegrafista que acompanhou o grupo nas ações até um delegado e o promotor público que levou o caso a julgamento.

Ao todo, foram 300 horas de gravação ao longo de quatro anos e reunida uma centena de imagens de arquivo.

A principal questão ficou propositalmente em aberto: o que fazer quando uma ação extrema em uma noite é mais eficaz do que dez anos de protestos não violentos? "Não era a intenção responder a isso. É um tipo de pergunta realmente difícil", diz Curry.

Também fica no ar o termo "ecoterroristas". "Esperamos que o filme gere discussão sobre que tipo de tática os ativistas devem -ou não- usar para proteger o ambiente. Eles deveriam pensar cautelosamente sobre ética e as consequências legais para suas ações", exemplifica Curry.

Mas ele também tem conselhos para o outro lado. "O governo deveria considerar de que modo reagir. Algumas atitudes fazem com que as pessoas saiam da discussão democrática e se transformem em radicais."

O Oscar virou chamariz para a questão ambiental.

MOSTRA ECOFALANTE

QUANDO de 15 a 22 de março
ONDE no Cine Livraria Cultura, Cine Sabesp e MIS
QUANTO grátis

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