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Crítica / Artes plásticas

Gerhard Richter faz 80 anos com três mostras

EM RICHTER, A JUNÇÃO ENTRE FORMA E CONTEÚDO DEVE SER VISTA COMO UMA DAS CHAVES DE SEU SUCESSO

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

A festa de aniversário dos 80 anos do artista alemão Gerhard Richter foi comemorada em grande estilo, dividindo-se em três espaços expositivos da capital alemã: a Nova Galeria Nacional e a Antiga Galeria Nacional (www.smb.museum), além do ME Collectors Room (www.me-berlin.com).

De todas essas mostras, inauguradas no último dia 12, a mais importante acontece na Nova Galeria, que recebe "Panorama", uma retrospectiva com 140 pinturas e cinco esculturas. A exposição já foi vista na Tate Modern, em Londres, e, depois de Berlim, segue em junho para o Centro Pompidou, de Paris.

Com praticamente todas as séries criadas em seus mais de 50 anos de carreira, a retrospectiva na grande sala projetada pelo arquiteto Mies van der Rohe (1886-1969) ajuda a entender por que Richter se tornou, hoje, uma unanimidade no mercado, entre críticos e entre artistas.

Suas obras transitam pelo primor da pintura, como se observa em "Betty", de 1988 -tela que inaugurou um estilo de produzir retratos simulando fotografias-, até trabalhos de arte conceitual, como "4 Glasscheiben" (4 painéis de vidro), de 1967.

Nesse último, o artista alinha quatro pedaços de vidro em distintos ângulos, fazendo com que eles reflitam seu entorno de forma distinta.

Pois é justamente essa preocupação com o contexto o que torna Richter tão particular. Suas obras, mesmo quando são abstratas, não estão falando apenas da pintura.

O exemplo mais conhecido dessa estratégia está exposto na Antiga Galeria Nacional, com a série de 15 pinturas chamada "Outubro 18, 1977", mais conhecida como a série do Baader-Meinhof (grupo terrorista alemão de esquerda criado nos anos 70).

Exposta no suntuoso edifício de 1876, monumento à fundação do império germânico, a série que retrata os terroristas mortos pelo Estado alemão tem ali reforçado o caráter denunciatório proposto pelo trabalho. Mas também é formalmente inovadora.

Em Richter, a junção entre forma e conteúdo deve ser vista como uma das chaves de seu sucesso.

GERHARD RICHTER
AVALIAÇÃO ótimo

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