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Pai e filhos

Antunes Filho inicia novo ciclo artístico com "Balaio", espetáculo criado por jovens atores

Lenise Pinheiro/Folhapress
No sentido horário, o diretor Antunes Filho e os atores-autores de "Balaio": Camila Turin, Isabel Wilker, Stella Prata, Cristiano Salomão, Emerson Danesi (ao fundo), Mariana Delfini, Nathália Corrêa e Carolina Sudati
No sentido horário, o diretor Antunes Filho e os atores-autores de "Balaio": Camila Turin, Isabel Wilker, Stella Prata, Cristiano Salomão, Emerson Danesi (ao fundo), Mariana Delfini, Nathália Corrêa e Carolina Sudati

GABRIELA MELLÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Desde que finalizou o ciclo em que transpôs ao palco obras fundadoras da cultura brasileira, como "Policarpo Quaresma" e "A Pedra do Reino", o encenador Antunes Filho anda inquieto.

Ele procura algo que não consegue definir.

Ao menos parte do que buscava garante ter encontrado em "Balaio", espetáculo que estreia na próxima segunda-feira e que foi criado por sete jovens artistas a partir de seus empurrões.

"Tem uma vertente em 'Balaio' que pode dar frutos. Há algo no espetáculo que desperta, te faz abrir os olhos", avalia o encenador, responsável pelo CPT, o principal centro de estudos da arte do ator no país.

"Balaio" recusa a tradição teatral e surge de um diálogo estreito com as artes plásticas. "Pensei em apresentar este espetáculo numa galeria de arte ou na Bienal. É uma atividade desamarrada, solta, provocativa, próxima das instalações e performances."

É de modo um tanto abstrato que o espetáculo se debruça sobre os temas da figura paterna, do artista à margem e da angústia da memória -cada um deles apresentado em uma cena distinta.

Apenas à primeira vista "Balaio" pode ser confundido com Prêt-à-Porter, programa que há 13 anos apresenta ao público espetáculos criados pelos artistas do CPT.

Apesar de também ser um exercício teatral formado por três cenas curtas e realizado pelos atores (que também são dramaturgos, produtores e diretores do projeto), a linguagem é outra. Não se presta a contar uma história linear. Ao contrário, é fragmentada.

O falso naturalismo também é rejeitado. Não há personagens em cena, mas situações. "O espetáculo é uma instalação viva", define o ator-autor Cristiano Salomão.

Cena: um peixe se debate no chão depois de ser lançado para fora do aquário. Além de sintetizar as sensações de deslocamento próprias do mundo contemporâneo e de sua arte, a cena também traduz a busca de Antunes que serviu de alimento aos jovens artistas de "Balaio".

"Estamos instalados num caos absoluto, numa fase de passagem. Estou batalhando para ver como a dramaturgia pode encontrar novos horizontes", explica Antunes.

O diretor mira o teatro contemporâneo de vanguarda, mesmo sem saber o que o termo significa -segundo ele, apenas o futuro vai dizer o que é contemporâneo: "Meu barco está à deriva. Vamos ver em que ilha irá aportar".

BALAIO
QUANDO seg. e ter., às 21h. Até 3/4
ONDE Sesc Consolação (r. Dr. Vila Nova, 245; tel. 0/xx/11/3234-3000)
QUANTO de R$ 2,50 a R$ 10
CLASSIFICAÇÃO 14 anos

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