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Nelson Baskerville monta Strindberg inédito no país Diretor estreia amanhã em SP "Brincando com Fogo", homenagem ao centenário de morte do autor sueco COLABORAÇÃO PARA A FOLHAExpoente da cena teatral paulistana, o encenador Nelson Barskerville elege uma das poucas comédias escritas por August Strindberg (1849-1912) para abrir as comemorações do centenário de morte do autor sueco. Trata-se de "Brincando com Fogo" (1891), espetáculo inédito no país, cuja estreia acontece amanhã no Sesc Pompeia, em São Paulo. Baskerville serve-se da acidez habitual de Strindberg para ridicularizar o homem de hoje. Em vez de criar uma montagem tradicional, faz uma releitura contemporânea do texto, que zomba das relações humanas. A versão do diretor torna ainda mais patético o jogo sexual criado por um casal burguês, que convida um homem e uma mulher para aplacar o tédio e reacender o desejo adormecido. O diretor encarcera os personagens numa tenda retangular inflável inteiramente fechada com plástico transparente -instalação criada pelo grupo Casa da Lapa. Ele diz ter se inspirado na caixa Skinner, espécie de câmara desenvolvida pelo psicólogo americano Burrhus Frederic Skinner (1904-90) para manipular o comportamento de animais dentro de um ambiente controlado. Sua ideia é apresentar os personagens como cobaias de um estudo científico, ressaltando o casamento como experimento ainda em desenvolvimento. "A gente ainda não descobriu como se relacionar", explica. Baskerville tem chamado a atenção por obras que costuram linguagens artísticas. "Luis Antonio - Gabriela", espetáculo bastante elogiado no ano passado, possui cinco indicações ao Prêmio Shell (cujo resultado será anunciado neste mês), venceu o APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) de melhor peça e o Prêmio Cooperativa de Teatro de direção e conjunto artístico (cenário, figurino, luz e trilha). Em "Brincando com Fogo", o encenador convoca a dança, o vídeo, a música e as artes plásticas para se juntarem ao teatro. E não tem pudores em eliminar algumas regras do jogo urdido pelo dramaturgo sueco. Em suas mãos, tudo passa a ser permitido: os personagens fazem coreografias risíveis, protagonizam números musicais e, em alguns momentos, surgem com máscaras de ratos. O diretor não se priva nem mesmo de arquitetar um novo final para a história.
O original, no qual Strindberg exercita sua misoginia, se mantém, mas ganha um contraponto, em que as mulheres saem vencedoras.
BRINCANDO COM FOGO |
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