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Crítica show

Chico Buarque faz show substantivo na estreia da turnê em SP

Compositor, o melhor intérprete de si mesmo, faz apresentação simples, sem frescura, de 31 canções

TETÉ RIBEIRO
EDITORA DA “SERAFINA”

Na última quinta (1º/3), estreou em São Paulo um dos shows mais esperados do ano -e de vários anos.

E ninguém passou noites sem dormir, imaginando o que o artista faria desta vez.

Chico Buarque não é o Cirque du Soleil.

O show tem estética e arranjos simples, sem frescura. Um jeito Clint Eastwood de encarar uma plateia: "No excuses, no explanations". Ou "sem muita conversa, sem muito a explicar".

Banda em semicírculo no fundo do palco, ele no centro, alternando violão pendurado no ombro, só microfone na mão, ou banquinho e violão. Não tem discursinho, não tem boa-noite, não tem lululu. Sem adjetivos.

É um homem bonito, magro, com cabelo e uma barriguinha perdoável. Gritos de "lin-dô", "eu te amo" e "Chi-cô" pipocam de quando em vez. A plateia tem homens e mulheres em quantidade equilibrada e de várias faixas etárias. De senhores e senhoras da alta sociedade ao que parece ser toda a turma do primeiro ano de Letras.

Veste preto, calça com corte americano, camiseta de manga comprida. Faz 35 graus lá fora, sensação térmica de deserto do Saara. Mas a ocasião é ele, São Pedro que ajuste os termômetros.

E aí as músicas -31, a mais antiga de 1954 ("Tereza da Praia"), as mais novas do último disco, de 2011.

Muitas marcadas pela interpretação de outros cantores, que soam mais românticas, profundas, lindas na voz do criador. Como "Bastidores", marca quase registrada de Cauby Peixoto, que Chico canta sem tantos paetês.

"Baioque" e "Todo o Sentimento" têm em Maria Bethânia, de longe, sua melhor intérprete. Ou a segunda melhor. "O Meu Amor" lembra a parceria de Bethânia com Alcione. "Terezinha", não tem jeito, traz Didi de Bethânia à memória. E, se faz um ou outro engolir o riso, não tem o mesmo efeito no cantor, que se diverte com a estranheza de interpretar uma dúzia de mulheres variadas.

O hit surpresa é "Geni", aplaudida em plena apresentação. O rap-homenagem a Criolo é na verdade um versinho só, quase uma estendida de mão ao paulistano que fez sua versão do clássico "Cálice". É como se Chico dissesse: "Estou de olho no que é novo, mas eu gosto assim".

CHICO BUARQUE
QUANDO de hoje a 25/3 e nos dias 30 e 31/3, 1º, 6, 7 e 8/4 (ingressos esgotados)
ONDE HSBC Brasil (r. Bragança Paulista, 1.281, tel. 0/xx/11/5646-2120)
QUANTO de R$ 120 a R$ 320
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO ótimo

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