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Crítica / Show

Morrissey deixa a desejar em show argentino

Cantor mostra poucas músicas dos Smiths, e apresentação amargurada não mostra importância dele para o pop

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

Morrissey-maníacos, acalmem-se. O show que o britânico veio mostrar na América Latina, e que chega ao Brasil amanhã, é bastante mediano, pelo menos se servir como base o que se pôde ver anteontem, em Buenos Aires.

É certo que a má qualidade do som no Club de Gimnasia y Esgrima fez com que a voz dele às vezes ficasse mais baixa que o som das guitarras.

Ainda assim, o espetáculo deixa a desejar do ponto de vista artístico. São poucas as músicas dos Smiths, e as escolhidas não são as melhores (leia ao lado). Do repertório solo, faltaram mais faixas do melhor álbum dessa sua fase, "You Are the Quarry" (2004). Só foram executadas duas, as de melhor recepção.

"The First of the Gang to Die" fez o público pular, e alguns quiseram se jogar para cima do palco, enquanto "Let me Kiss You" provocou vários gritos de "eu te amo", potencializados pelo fato de o cantor ter tirado a camisa.

Também faltaram mais músicas novas, que ele já mostrou ao vivo e em um especial da BBC. Morrissey, 52, é um ícone dos anos 80. Sua parceria com Johnny Marr fez da dupla uma espécie de herdeira de Lennon-McCartney.

Suas letras falavam do medo adolescente, da solidão e da miséria humana. Refletiam a depressão da Inglaterra desiludida com as consequências da Revolução Industrial.

Musicalmente, os Smiths levaram o "indie rock" para a categoria de "mainstream", enriquecendo o pós-punk. Já Morrissey em carreira solo amadureceu como cantor e compositor e virou referência para certo tipo de comportamento masculino.

Só que toda essa importância para a cultura pop não está nesse show. Vemos um Morrissey amargurado, cantando de forma preguiçosa, e que vem buscar na América do Sul ouvidos que já não encontra na Europa.

É preciso lembrar que o concerto dele em Glastonbury no ano passado, com "set list" bem parecido, recebeu críticas negativas. O cantor até saiu com desculpas esfarrapadas para explicar o fracasso, culpando a chuva. Além disso, passou o ano resmungando que não tinha gravadora e que não o escutavam mais como antes.

Já o público sul-americano, que o viu poucas vezes, o espera como se fosse um deus. E ele se joga em eventos de qualidade duvidosa, como o Festival de Viña del Mar, no Chile, como se aí finalmente encontrasse um porto seguro. É triste ver um artista genial contentar-se com tão pouco.

MORRISSEY
QUANDO amanhã, em Belo Horizonte, dia 9, no Rio, e dia 11, em SP
QUANTO ingressos esgotados em São Paulo; em BH e no Rio, de R$ 140 a R$ 280, pelos sites ticketsforfun.com.br e livepass.com.br
CLASSIFICAÇÃO de 16 e 18 anos
AVALIAÇÃO bom

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