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Paris decreta o fim da crise na passarela

Grandes grifes, como a Louis Vuitton, resgataram o brilho e o luxo sem culpa, aposentando o discurso do básico

Marcas profetizam reaquecimento econômico, em contraste com a moda feita para durar

VIVIAN WHITEMAN
ENVIADA ESPECIAL A PARIS

Com uma locomotiva e um vagão de trem de verdade na passarela, a Louis Vuitton fez o último grande desfile da temporada outono-inverno 2012/2013 da semana de moda de Paris.

As modelos saíam uma a uma de dentro do vagão e desembarcavam na estação Vuitton. Eram escoltadas por carregadores de bagagem uniformizados-uma maneira divertida para que Marc Jacobs exibisse melhor a nova coleção das desejadas bolsas e sacolas da grife.

As viajantes estavam vestidas em grande estilo, no espírito festivo-decorativo desta temporada, que declarou o fim da crise e o retorno de uma imagem de luxo nada contida.

Marc conseguiu o melhor resultado com os brilhos e pedrarias, grandes hits da semana parisiense.

O estilista também deu o ar mais contemporâneo ao retorno de um glamour antigo, desses tirados de filmes saudosistas como "O Artista".

É um sentimento de recuperação não do glamour de uma época, mas da própria fantasia desses períodos, da forma como eles, ao longo dos anos, foram representados no cinema, na literatura e na própria moda.

A fantasia é uma das palavras de ordem dessa temporada. Seja uma fantasia de colegial sport-chic moderna como as de Stella McCartney, seja a diva maluca da Lanvin, seja a mística da Chanel, as nerds nostálgicas do futuro da Balenciaga ou as cowgirls fetichistas da Givenchy.

Outro ponto importante é a revisão do kitsch e do cafona. É como se a moda passasse a limpo seu próprio álbum de fotografias e, de uma forma que replica uma relação afetiva, desse um novo valor ao que antes era considerado feio, não por revisão estética, mas pelo seu valor como saudade, como melancolia.

Há, é claro, motivos práticos para o retorno do velho luxo. Depois de anos pregando o discurso das roupas básicas feitas para durar, é hora de reaquecer o mercado.

A economia vai bem em várias partes do mundo, como no Brasil, país que nunca se deu bem com o minimalismo total, que tem paixão estética pelo over. O mesmo se pode dizer da Índia.

E mesmo na parte da Europa que vai se segurando como pode, a ordem é voltar a comprar o supérfluo, a roupa marcante, que brilha, que não se perde na multidão e que, por isso mesmo, não pode ser usada todos os dias.

O maximalismo é um incentivo ao consumo, porque representa fartura. E as mulheres, carentes que estão de um pouco de mimo, parecem prontas para encontrar na moda, novamente, a passarela para uma fantasia de prosperidade e alegria, mesmo que haja nela algo de decadente e de melancólico.

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