Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Crítica Musical

Magnetismo de José Mayer conduz novo espetáculo

"Um Violinista no Telhado" evita pirotecnias e valoriza interpretações

ALCINO LEITE NETO
ARTICULISTA DA FOLHA

Há anos, a função do galã José Mayer na economia libidinal das novelas é lembrar às mulheres que, além dos adolescentes estúpidos, dos maridos entediados, dos crápulas gananciosos, dos gays e assemelhados, existe outra espécie de homem no mundo.

Existe o "homem verídico", que só pode ser uma figura extemporânea como José Mayer -nem velho, nem novo, nem feio, nem bonito, alheio a todos os maneirismos que afetaram o gênero masculino e capaz de falar sem rodeios ao desejo das moças ansiosas que enfeitam o planeta.

Por isso, espanta muita gente que, além de vistoso galã da TV, ele seja também um ótimo ator de teatro, como prova a nova montagem brasileira do musical "Um Violinista no Telhado", feita pelos incansáveis Charles Möeller e Claudio Botelho.

O papel do leiteiro Tevye permitiu ao mineiro José Mayer Drumond Araújo, 62, reatar de vez com o palco -um fio de sua carreira em que se destacou na Belo Horizonte dos anos 1970, quando produziu várias peças e atuou (com vigor) em outras tantas.

ENGRENAGEM

"Um Violinista no Telhado", que estreou em 1964 na Broadway, é um dos espetáculos mais completos em seu gênero. Tudo funciona muito bem na engrenagem do musical, que tem duplo objetivo: ser uma exaltação da cultura judaica e um apelo à tolerância e à liberdade.

A história se passa num povoado judeu na Rússia, em 1905. Com humor delicioso e tocante melancolia, o libreto de Joseph Stein aborda os conflitos entre tradição e mudança, conformismo e revolta, que agitam a vida dos aldeões, entre eles Tevye e suas cinco filhas -três delas loucas para casar.

Naturalmente, tudo é muito ligeiro no musical, que evita adensar demais os dramas, mesmo quando estoura o pogrom que leva os judeus ao exílio.

EMPATIA

José Mayer construiu um Tevye "caipira", meio desconfiado, meio crédulo, entre meditativo e explosivo, cínico e sentimental, que desperta forte empatia no público que o assiste.

O magnetismo do ator conduz a bem-sucedida montagem de Möeller e Botelho, que desta vez evitaram pirotécnicas inúteis e souberam valorizar a graça do texto e o talento dos intérpretes, sempre comoventes.

UM VIOLINISTA NO TELHADO

QUANDO qui., às 21h, sex., às 21h30, sáb., às 17h (a partir de abril) e 21h, e dom., às 17h;
até 15/7
ONDE teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, tel. 0/xx/11/5693-4000)
QUANTO de R$ 40 a R$ 200
CLASSIFICAÇÃO livre
AVALIAÇÃO ótimo

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.