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Folhateen

Festa de arromba

Fazer uma balada épica é legal. Mas e quando tudo sai do controle?

IURI DE CASTRO TÔRRES
DE SÃO PAULO

Só fazemos 17 anos uma vez, certo? E quando seu aniversário coincide com a viagem dos pais? Hora da festa!

Foi o que pensou Thomas, um dos personagens da comédia "Projeto X - Uma Festa Fora de Controle" (2012), de Nima Nourizadeh, em cartaz nos cinemas.

Ao lado do desbocado Costa e do tímido JB, o garoto abre sua casa para uma festa de arromba.

Classificado como mais louco do que "Superbad" (2007) ou visto, simplesmente, como um "'Se Beber, Não Case' (2009) para adolescentes", o filme mostra, em detalhes,como a equação adolescentes + bebidas + drogas é sinônimo de desastre.

Mas esse tipo de reunião, que descamba para a anarquia e o caos, não é exclusividade da ficção. Que o diga Giovana Penatti, 21.

Ela contou ao "Folhateen" que já viu de tudo quando fazia faculdade em Bauru (SP).

Certa vez, uma vizinha ficou tão perturbada com o barulho de uma de suas "cervejadas" que saiu na rua dando tiros para cima.

Uma das festas, no entanto, não foi só diversão. "Um garoto inventou de subir na laje da casa e caiu, ficou todo machucado", lembra.

Há três anos, Franklin Santos, 24, também esteve em uma situação tensa, quando organizou a despedida de solteiro de um amigo.

Em um sítio em Atibaia, (SP), a festa tinha cerca de 300 pessoas, algumas nadando peladas, e muita música.

De repente, chegaram três carros da polícia ao local e pararam toda a algazarra.

"Anotaram os documentos de todo mundo, revistaram mochilas e até multaram os carros que estavam parados na estrada", lembra.

Longe da polícia, mas não da confusão, Renato (nome fictício), 19, lembra-se com perplexidade de seu aniversário de 16 anos.

O que era para ser uma festinha com poucos amigos terminou em uma guerra de comida entre 40 pessoas -em uma quitinete.

"No fim, minha TV estava jogada no chão, tinha comida até no banheiro e, no dia seguinte, uma bela multa do condomínio", conta.

O CAOS

No cinema, o diretor Nima Nourizadeh exagerou na dose. "Queria algo que fosse divertido de assistir e talvez chocante em algumas partes."

"Não é muito distante do que os adolescentes fazem hoje em dia", completou, aos risos, em entrevista ao "Folhateen".

Nessa lista estão garotas nadando de topless, competição de quem toma mais shots de tequila, skate no telhado, um maluco com um lança-chamas e até um anão psicopata no forno.

E isso acabou rendendo uma situação estranha: apesar de ser um filme para e com adolescentes, recebeu classificação indicativa de 18 anos.

Ou seja, muita gente vai ficar de fora dos cinemas.

O diretor acha a situação "hipócrita". "Há vários filmes muito violentos cuja classificação não é tão alta", diz.

Uma das ideias bacanas de Nourizadeh foi imprimir um estilo de documentário ao filme, bem câmera na mão. Um amigo do trio é responsável por registrar a farra.

"Queria que os espectadores se sentissem dentro da festa", explica o diretor. "Os jovens estão acostumados com esse tipo de filmagem, é algo corriqueiro para eles."

E o que seria de uma festa sem a música? Em "Projeto X", há um mix de canções novíssimas com alguns hits não tão velhos, mas já clássicos, como "Heads Will Roll", do Yeah Yeah Yeahs, e "Daft Punk Is Playing at My House", do LCD Soundsystem.

Nourizadeh não confirma, mas há planos de dar uma sequência ao filme.

A festa, pelo menos na ficção, nunca tem fim.

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