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Alma do eletrônico inglês faz show em SP

James Blake, renovador do pop britânico ao mesclar soul, folk e dubstep, se apresenta em maio no festival Sonar

Fã de Adele, Bon Iver e Joni Mitchell, músico fala de processo criativo e parcerias e diz não ler o que escrevem sobre ele

ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA”

Adele e James Blake são jovens artistas britânicos nascidos em 1988 que despontaram no cenário musical em 2011 e renovaram o pop inglês usando sons da música negra norte-americana.

Adele ganhou todos os prêmios, ocupou as paradas de sucesso e obteve recordes de venda. O rapaz foi nomeado ao Mercury Prize e ao Brit Awards, e ficou em segundo lugar no BBC Sound, à frente da banda The Vaccines.

Seu disco de estreia, "James Blake", não vendeu milhares de cópias, mas esteve nas principais listas britânicas de melhores lançamentos do ano passado, da revista semanal "NME" ao jornal diário "The Guardian".

Mas as semelhanças entre os dois param por aí. Enquanto Adele revive o passado, Blake é o futuro criativo.

Sobre ele, o jornalista Ben Beaumont-Thomas, do "Guardian", escreveu: "Num ano em que questionamos nossa obsessão por produções retrô, Blake faz o impensável, usando o dubstep [mistura de dub com batidas eletrônicas], o soul e até a música à capela para criar uma nova linguagem".

E finalizava: "Seu futurismo o torna um dos compositores mais emocionantes da atualidade, lembrando-nos de que ainda existe muito espaço para o novo" (http://tinyurl.com/d62dxyd).

Blake tenta se manter alheio a essa repercussão. "Evito ler textos sobre mim", disse à Folha. "Claro que é um prazer saber que algumas pessoas gostaram do meu disco. Quando o lancei, muitos desaprovaram a direção que tinha tomado. Estava experimentando. Essa foi apenas uma das coisas que fiz."

O trabalho, que ele trata como uma "colagem" de diversos EPs lançados anteriormente, será mostrado em São Paulo, onde Blake toca em maio como atração do festival Sónar.

Eclético, com formação em piano clássico, o artista praticava ouvindo Erik Satie ou Art Tatum. "Canto desde criança, mas nunca em público. Fui desenvolvendo meu estilo até achar que estava pronto", explica. "No início, me inspirava em Stevie Wonder, Joni Mitchell, Otis Redding, Sam Cooke e Crosby, Stills & Nash."

A mescla dessas influências com o dubstep não é algo "consciente". "Não paro para pensar se isso é soul ou se é folk. Quando comecei a usar sintetizadores, minha tendência natural foi tocar os estilos que ouvia."

Suas letras, diz, têm fontes de inspiração diversas. "Elas podem vir de um momento de emoção, em que a única forma de se expressar parece ser escrever uma música."

O resultado é, por vezes, minimalista. É o caso de "I Never Learnt to Share", que se resume à frase: "Meu irmão e minha irmã não falam comigo, mas eu não os culpo". (Blake é filho único.)

A composição que o levou à parada de singles inglesa foi uma versão para "Limit to Your Love", da cantora canadense Leslie Feist. Outra famosa é "Fall Creek Boys Choir", parceria com a bande "indie" folk Bon Iver -dois prêmios Grammy em 2012.

"Conheci Justin Vernon [do Bon Iver] no [festival] South by Southwest. Sou seu fã há anos. Ele foi grande influência para meu álbum", diz. "Para mim, foi especial, pois descobri que ele também gostava do meu trabalho."

Sobre a conterrânea Adele, Blake é só elogios: "Ela é incrível. Tem uma voz linda, hipnotiza as pessoas".

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