Prova do Ecad apresenta erros de grafia e imprecisões temporais

A canção "Desafinado" é pagode, forró ou bossa nova? Quem interpreta "Samba do Avião": Tom Jobim, LS Jack, Elis Regina ou Babado Novo?

Essas foram algumas questões que caíram em um teste de seleção para o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), em 2009.

A Folha teve acesso à prova que testou a expertise musical dos candidatos a virar um "operador de gravação".

Esse técnico é uma espécie de "fiscal da música": grava e anota, numa planilha, as execuções públicas aptas à taxação do Ecad (em música ao vivo, show, casa de festas, Carnaval e festa junina).

A partir desse registro, feito por todo o país, o órgão recolhe e repassa os direitos autorais ao titular da canção.

Atualmente, o banco de dados do Ecad conta com 3,2 milhões de obras musicais e 1,2 milhão de fonogramas.

Hoje, são 35 técnicos, que passam por treinamento para exercer a função. A maioria é homem, de 26 a 45 anos.

O teste não é à prova de falhas. Exemplo: pede para marcar com um "x" canções de Djavan, mas grafa "Flor de Liz" -o certo é "Flor de Lis".

Outra das 17 perguntas questiona de qual grupo Rita Lee fez parte nos anos 70. A resposta é Mutantes. Correta. Ainda mais preciso, contudo, seria apontar a banda Tutti Frutti (1973-1978), já que Rita deixou de ser uma mutante no começo daquela década.

Em vez de "O Bêbado e a Equilibrista", a avaliação crava "O Bêbado e Equilibrista".

O Ecad afirma que "vem aprimorando seus processos seletivos". O modelo de prova é atualizado sempre -o de 2009 "já foi descontinuado".

Alvo de CPI no Senado, a entidade voltou recentemente à berlinda ao cobrar de um blogueiro que postou vídeos do YouTube. Criticada pelo Google, dono do portal de vídeos, recuou e afirmou ter cometido "erro operacional".