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Música - Crítica Show

Maria Rita repete sua mãe em tributo

Em 1º show em homenagem a Elis, cantora escolhe encarar de frente fantasma da comparação

MARCUS PRETO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Entre criar versões pessoais para canções consagradas por Elis Regina (1945-1982) ou seguir fielmente a cartilha da mãe, Maria Rita preferiu o segundo caminho.

Por essa trilha, fez anteontem, no Rio, a primeira apresentação da turnê Viva Elis, em que vai interpretar o repertório da cantora gaúcha em cinco cidades brasileiras.

Não que dessa maneira ela corresse menos riscos.

Ao contrário, a filha se arrisca muito mais quando mantém todas as ideias de arranjos originais, os desenhos de voz, os cacos, os contracantos, os improvisos de Elis.

Mas fez assim: tentou soar, ela mesma, como a mãe -e encarar de frente o fantasma da comparação que a assombra desde a estreia, há uma década. Perdeu o medo? "É importante que se perceba que isso aqui é única e exclusivamente uma homenagem", frisava o tempo todo no palco, revelando que o tal fantasma ainda ronda.

"Nossos universos se encontram nessas duas canções", afirmou antes de cantar "Essa Mulher" (Joyce/Ana Terra) e "Se Eu Quiser Falar com Deus" (Gilberto Gil).

No final, para introduzir o bloco que incluía "Morro Velho", "O que Foi Feito de Vera" e "Maria, Maria", apontou outro elo: "Ela [Elis] costumava dizer que, se Deus tivesse voz, seria a voz de Milton Nascimento". Minutos antes, havia feito de "Menino", do compositor, o ponto alto do show. Milton estava na plateia.

Foram 28 temas (veja acima), abrangendo quase toda a trajetória de Elis, da era dos festivais ("Arrastão") ao último grande hit ("Aprendendo a Jogar"). De Rita Lee, veio "Doce de Pimenta", composta para Elis, que, no entanto, não chegou a gravá-la.

A plateia foi poupada da "fase gaúcha": versões em português de "roquinhos" do começo dos anos 1960, quando a gravadora tentou transformá-la em clone de Celly Campello. Mas Maria Rita não se esquivou de mostrar fatia menos nobre da mãe.

Por exemplo, interpretou "Me Deixas Louca". Gravada por Elis em seus últimos tempos, a faixa indicava que, caso não tivesse morrido, ela dificilmente passaria ilesa pela estética populista que se instalaria na MPB nos anos 1980.

O projeto Viva Elis é patrocinado pela Nivea. E, se alguém quisesse se esquecer disso durante o show, jamais conseguiria. Por necessidade desmedida de marketing, a empresa colocou nada menos do que 80 logotipos no cenário -sendo 60 no fundo do palco, atrás da cantora. Mais que desnecessário: cafona.

VIVA ELIS

QUANDO 24/3 (Porto Alegre), 1º/4 (Recife), 8/4 (Belo Horizonte,) 22/4 (São Paulo) e 29/4 (Rio)

INFORMAÇÕES migre.me/8m9iy

AVALIAÇÃO bom

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