'Mostra na Cultura' aposta em dublados

A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo estreia hoje a nova temporada de seu programa na TV Cultura. Com filmes autorais, muitos deles premiados em grandes festivais europeus, a grade começa com "A Poeira do Tempo", do grego Theo Angelopoulos.

Morto em janeiro, o cineasta concluiu esta memória afetiva de seus pais em 2008.

O longa é uma "dupla homenagem", ressalta Renata de Almeida, que assumiu a direção do festival paulistano após a morte do marido, Leon Cakoff, devido a um câncer, em outubro de 2011.

Isso porque Angelopoulos participou, com um curta rodado no metrô paulistano, do filme "Mundo Invisível", último projeto de Cakoff.

O programa deu um trato no visual, trocando o cenário virtual em que era ambientado por uma série de cartazes dos 35 anos da Mostra.

Mas é na programação a principal mudança. Cada longa vai estrear em sessão legendada às quartas, com reprise dublada às sextas.

"A grande maioria das pessoas no Brasil prefere dublado. É para alcançar mais público, mas sem perder o espectador acostumado com o som original", defende Renata. "TV não é cinema, tem estímulos que interferem. Por isso é importante dar a chance de ver dublado."

No novo pacote de filmes, estão produções nunca lançadas comercialmente. Na lista, destacam-se "Teza", do etíope Haile Gerima, que recebeu em Veneza as láureas de melhor roteiro e Prêmio Especial do Júri, e "Alemanha 09", de diretores como Fatih Akin, Hans Weingartner e Tom Tykwer (veja ao lado).

Para o futuro, estão fechados longas do português Manoel de Oliveira, do russo Alexsandr Sokúrov e do cazaque Sergei Dvortsevoy.

Renata também já trabalha na edição 2012 da Mostra, em outubro. Fechou uma retrospectiva para lembrar os 80 anos do diretor russo Andrei Tarkovsky (1932-1986), de filmes como "Solaris", e uma exposição de polaroides feitas pelo próprio cineasta.