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Crítica Documentário Walter Carvalho traz luz à figura mítica do músico Raul Seixas Filme "O Início, o Fim e o Meio" mostra que cantor era mesmo uma metamorfose ambulante difícil de definir ANDRÉ BARCINSKICRÍTICO DA FOLHA Não importa se você gosta ou não da música de Raul Seixas. Vale a pena assistir a "Raul: O Início, o Fim e o Meio", documentário de Walter Carvalho sobre o músico. O filme, bonito, comovente e muito bem pesquisado, traz entrevistas com todas as pessoas marcantes da carreira de Raul, de suas mulheres a fãs, passando por amigos e parceiros, como Paulo Coelho e Marcelo Nova. Raul é um artista obscurecido pelo folclore e pela obsessão quase religiosa de seus fãs. Tente esquecer os cabeludos que você viu tocando Raul em barzinhos e gritando "Toca Raul!"; elimine da memória os sósias em shows-tributo, dando abraços coletivos e cantando sobre a sociedade alternativa. Se você enxergar por trás do folclore, vai perceber que até as canções mais batidas de Raul -"Metamorfose Ambulante", "Maluco Beleza", "Mosca na Sopa", "Tente Outra Vez"- são obras-primas. Ninguém fez a ponte entre o rock e a música brasileira de forma tão sarcástica, criativa e sofisticada. Só Os Mutantes. O filme de Walter Carvalho vale como registro histórico, trazendo uma infinidade de imagens de arquivo e muita música. Mas vale também por mostrar o impacto imenso que Raul teve na vida de todos com quem conviveu e a confusão que sempre causou. Uma coisa é constante no filme: ninguém consegue explicar, exatamente, quem foi Raul. A frase mais falada no filme é alguma variação de "todo mundo achava que ele era assim, mas era assado". Era um pai carinhoso, mas capaz de trocar de família de repente; ateu numa hora e místico na outra; tímido num instante e messiânico no seguinte. Uma verdadeira metamorfose ambulante. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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