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Sábado no domingo

Rafinha Bastos enfrentará "Pânico" e Globo em sua versão de "Saturday Night Live"

Marlene Bergamo/Folhapress
Rafinha Bastos durante entrevista para a Folha em café da Vila Madalena, em São Paulo
Rafinha Bastos durante entrevista para a Folha em café da Vila Madalena, em São Paulo

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE SÃO PAULO

Deu no "New York Times": há exatos um ano e um dia, o jornal elegia um comediante gaúcho, que os Estados Unidos não faziam muita ideia de quem era, como "a pessoa mais influente do Twitter".

Mas Rafinha Bastos, 35, pagou um preço por toda essa influência. De lá para cá, sofreu processo da cantora Wanessa Camargo após fazer piada sobre comer "ela e [seu] bebê", foi afastado do "CQC", pediu para sair da Band e virou joão-bobo numa discussão sobre os limites da comédia. Ou, como resume à Folha, foi pego no meio "dessa babaquice que se instalou".

Decidiu, então, que TV aberta já tinha dado para ele. Até que Nova York entrou em seu caminho mais uma vez.

Rafinha foi chamado pela RedeTV! para produzir a versão brasileira de "Saturday Night Live". No ar desde 1975, o humorístico é tão nova-iorquino quanto a Estátua da Liberdade ou a taça de cosmopolitan de "Sex and the City".

O nome se manterá: "Saturday Night Live", assim como cenário e banda. O "ao vivo sábado à noite", contudo, será exibido na noite de domingo por aqui -concorrerá com "Pânico", que se mudou para a Band, "ex" de Rafinha. A previsão de estreia é maio.

A direção será de Tininha Araújo, que já fez sitcom para o cineasta Domingos Oliveira, clipes de Sandy & Júnior" e um show de Kelly Key.

A produtora holandesa Endemol (do "Big Brother") vendeu os direitos para internacionalizar "SNL". Fora Brasil, há versões na Itália, no Japão, na Coreia do Sul e na Espanha. Só a italiana "pegou".

AO VIVO, SEM CORTE?

Tudo será ao vivo, por cerca de uma hora e meia, diante de plateia. A trupe deve ter dez humoristas fixos. Entre eles, Carol Zoccoli (que perdeu vaga no "CQC" para Mônica Iozzi, em 2009), Marco Gonçalves (de "É Tudo Improviso", exibido na Band nas férias do "CQC") e Claudio Carneiro (Cirque du Soleil).

O programa vai se basear em esquetes cômicas, notícias apresentadas por um âncora ácido, uma atração musical e um convidado -"que pode mostrar um lado que não tem condições de mostrar em nenhum outro lugar".

"Pode ser Bruno Gagliasso cantando ou Neymar jogando vôlei", diz. Selton Mello, Rodrigo Santoro e Marília Gabriela são outros citados.

Mas Rafinha sente que "o drama do 'host' [apresentador convidado]" vai dar dor de cabeça. "Preciso romper a barreira de quem naturalmente me odeia." Há, ainda, a fama de polêmico. Mas "SNL" não é "O Programa do Rafinha".

E tem mais: "O Brasil inteiro é contratado da Globo, que vai dificultar as coisas. Ela dificulta tudo no país".

Os novos chefes dão menos medo. "Um dos grandes sinais de que dá para brincar com tudo é o fato de eles terem me contratado depois do problema com a mulher do dono." No "CQC", ele chamou Daniela Albuquerque de "cadela". Ela é casada com Amilcare Dallevo Jr., da RedeTV!.

"O Rafinha vai ter liberdade. A gente dá isso, ou o 'Pânico' não existiria", diz Mônica Pimental, superintendente artística da emissora.

Deram liberdade e meses de salário adiantado, para dissipar o medo dos atrasos.

No dia da entrevista, a estampa na camisa de Rafinha trazia o burrinho da animação "Shrek" e a frase: "O posto de animal falante já está tomado". Coice? Faz parte.

Na quinta, num show, disparou: "Sempre fui chamado de retardado. A Apae me processar é o mesmo que os Narcóticos Anônimos processarem o Fábio Assunção".

À Folha, Rafinha afirma: "Meu interesse nunca foi lutar contra o sistema. Quero fazer comédia, só isso".

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