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Crítica Documentário

Filme de Herzog enfoca pena capital sem ceder a dramatização maniqueísta

CRÍTICO DA FOLHA

Na faceta documental de sua obra, o cineasta Werner Herzog habituou o público a segui-lo nos extremos.

As condições rarefeitas da sobrevivência em tempos de guerra, as paisagens geladas do fim do mundo, o isolamento humano em meio à natureza ou o tempo perdido no fundo de uma caverna pré-histórica foram algumas das experiências-limite que o diretor já registrou.

Com "Ao Abismo: Um Conto de Morte, Um Conto de Vida", a câmera do alemão volta a enfrentar o extremo ao abordar o tema da pena capital e confrontar a corrente de pensamento, predominante em parte dos EUA, que defende o direito de matar.

O filme parte de uma entrevista com Michael Perry, rapaz de 28 anos acusado de um triplo homicídio no Texas em 2001. Dentro de uma cabine de segurança, Perry responde com lucidez ao questionamento de Herzog, inteirado de que só lhe restam oito dias de vida antes da execução.

O testemunho do condenado completa-se com o depoimento de seu cúmplice, de familiares das vítimas e de profissionais da lei, incluindo um ex-carrasco.

A opção pelo tratamento multifocal, no entanto, não mira o ideal de imparcialidade, já que Herzog impõe seus pontos de vista por meio da voz explícita, que interroga e acua os entrevistados.

A força do conjunto vem da superposição de experiências e por não ceder ao apelo da dramatização maniqueísta.

A cada testemunho, "Ao Abismo" traz à tona a dimensão dostoievskiana do crime e sua punição, ordena os argumentos e expõe uma lógica em que se confundem justiça e vingança. No documentário, a morte paira como o limite impossível de transpor.

(CÁSSIO STARLING CARLOS)

AO ABISMO: UM CONTO De MORTE, UM CONTO De VIDA

EXIBIÇÕES Espaço Itaú de Cinema Botafogo, Rio (hoje, às 22h30, e amanhã, às 17h)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom

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