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Música

Trintão, punk de São Paulo faz festa no Sesc Pompeia

Evento escala, para quatro noites, bandas que fizeram parte do festival O Começo do Fim do Mundo, em 1982

Programação tem início hoje com debate; idealizador do festival original o compara à Semana de 1922

THALES DE MENEZES
DE SÃO PAULO

De hoje a sábado, o festival que consolidou há 30 anos a cena punk paulistana é reeditado no mesmo lugar, o Sesc Pompeia. E repete alguns de seus protagonistas.

O Começo do Fim do Mundo -nome do festival de 1982- se transforma agora em O Fim do Mundo, Enfim. Deveria trazer cinco das 20 bandas do evento original: Inocentes, Ratos de Porão, Lixomania, Cólera e Olho Seco.

As três últimas, no entanto, estavam escaladas para tocar no domingo, em programação gratuita no espaço ao ar livre do Sesc, e essa apresentação foi cancelada ontem por decisão da Polícia Militar.

O motivo alegado foi uma possível superlotação que poderia oferecer risco à segurança do público. As bandas que tocariam no domingo farão shows no Sesc em maio.

Além das veteranas Inocentes e Ratos, o festival convoca algumas formadas nas décadas seguintes: Garotos Podres, Os Excluídos, Flicts, Invasores de Cérebros, Questions, a recifense Devotos e a argentina Attaque 77.

Criador do festival original, o escritor e jornalista Antonio Bivar também organiza a edição comemorativa. Tentou antes uma festa para os 20 anos, mas, na época, o Sesc não se mostrou interessado.

"Agora vamos relembrar um festival que fez história em São Paulo e que teve repercussão internacional. Saiu em fanzines punks pelo mundo, é claro, mas também no 'Washington Post'."

DISCO E DOCUMENTÁRIO

Em 1981, depois de meses na Inglaterra, Bivar retornou ao Brasil e percebeu a força do punk local. "Vi energia, entusiasmo, revolta e humor", conta Bivar, que, na época, um disco e um filme chamaram a sua atenção.

O LP "Grito Suburbano", com músicas de Inocentes, Cólera e Olho Seco, foi o primeiro disco do punk brasileiro. E havia sido lançado "Garotos do Subúrbio", de Fernando Meirelles, documentário sobre os Inocentes.

"O Sesc topou o projeto, e o Calegari, dos Inocentes, deu o título. Saímos atrás das bandas -e essa parte demorou", diz Bivar. A comunicação era às vezes feita por correio.

"Nunca tantas bandas de São Paulo e do ABC tocaram juntas. Era a primeira vez que havia um lugar acessível a todos os interessados", recorda Clemente (dos Inocentes).

No debate que abre hoje o evento, os efeitos do festival na cultura serão avaliados por integrantes da cena.

"O punk é alternativo, não faz sucesso de massa, mas é uma cena sólida, que se renova e se sustenta", afirma Bivar, que espera uma plateia de todas as idades no festival.

Ele compara o festival ao movimento modernista de 1922. "Foram coisas pequenas que depois cresceram em seus efeitos na cidade."

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