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'As pessoas estão interessadas em projetos fantásticos'

A arquiteta iraquiana Zaha Hadid é autora de prédios mirabolantes e caros, mas quer trabalhar em favelas

Vencedora do Pritzker, Hadid está no Rio para encontro de arquitetura e diz ter Oscar Niemeyer como influência

MORRIS KACHANI
DE SÃO PAULO

Zaha Hadid, 61, ocupa hoje uma posição singular no cenário da arquitetura contemporânea mundial. Nascida no Iraque e radicada em Londres, foi a primeira mulher a vencer o Prêmio Pritzker (2004), considerado o mais importante da área.

Nos últimos dois anos, a revista "Time" a incluiu na lista das cem pessoas mais influentes do mundo. Com obras icônicas e personalismo, transformou-se em figura midiática, tratada quase como uma estrela de rock.

"Sempre me comprometi a construir prédios que evoquem experiências únicas. As pessoas estão interessadas em projetos fantásticos -aqueles em que a fantasia se transforma em realidade", afirma em entrevista à Folha.

Ela está no Rio para o Arq. Futuro, encontro que, a partir de hoje, reunirá também outro grande nome da arquitetura mundial, o japonês Shigeru Ban, além dos economistas Edward Glaeser, de Harvard, e José Alexandre Scheinkman, de Princeton.

Do escritório de Hadid, no qual trabalham 300 pessoas, saiu o projeto do centro aquático para os Jogos Olímpicos de 2012, orçado em mais de US$ 400 milhões (cerca de R$ 730 milhões). Também são de lá o museu MAXXI de Roma e a Guangzhou Opera House, na China, hoje apontados como modelos de uma arquitetura inovadora e visionária.

Nos projetos de Hadid, predominam paredes que fogem do vertical e pisos nem sempre planos. Os ângulos de 90 graus são raros. O brasileiro Oscar Niemeyer é citado como influência primordial.

NIEMEYER

"Como Niemeyer, também despejo o concreto em formas fluidas", afirma. "A diferença é que hoje tenho à mão tecnologias muito mais avançadas", acrescenta, mencionando sua constante busca por inovação construtiva.

Os custos e a viabilidade para a execução de seus projetos são o contraponto. Seu centro aquático, por exemplo, foi objeto de polêmica recente na Grã-Bretanha. Custou o triplo do velódromo e recebeu um telhado em formato ondulado contendo 3.000 toneladas de aço.

No meio arquitetônico, é vista mais como artista. Seus desenhos, associados à tecnologia digital, são elogiadíssimos. Mas, de seus 950 projetos, menos de 30 saíram da prancheta. É uma média relativamente pequena.

"O conceito de repetição e compartimentação dos prédios antigos deve dar espaço a uma arquitetura que une e adapta. É obviamente uma geometria não euclidiana, pois a vida não é feita em um quadrado. No século 21, o conceito de flexibilidade é fundamental", define.

"Eu adoraria criar um projeto para as favelas. Os programas habitacionais dos governos sempre foram baseados no conceito do mínimo necessário e isso deveria ser abolido. Há riqueza suficiente no mundo para que todos possam viver melhor."

Leia íntegra da entrevista

folha.com/no1068379

ARQ.FUTURO
QUANDO amanhã, às 9h, Shigeru Ban, e, às 18h, Zaha Hadid
ONDE Espaço Tom Jobim (r. Jardim Botânico, 1.008, Rio, tel. 0/xx/21/ 2274-7012)
QUANTO ingressos esgotados
CLASSIFICAÇÃO não informada

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