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Longa travessia

Projetos que celebram os 40 anos do disco 'Clube da Esquina' esbarram na burocracia e serão lançados só em 2013

Fotos divulgação
Músicos no jipe 'Manuel, o Audaz', que viraria canção
Músicos no jipe 'Manuel, o Audaz', que viraria canção

LEONARDO RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Por causa da burocracia, os dois grandes projetos de comemoração dos 40 anos do disco "Clube da Esquina" (1972), de Milton Nascimento e Lô Borges, não irão sair do papel em 2012.

Prometidos desde 2009, tanto a inauguração da sede do Museu do Clube da Esquina, em Belo Horizonte, quanto o lançamento do documentário "Clube da Esquina, o Filme" esbarram em entraves financeiros.

A conclusão de ambos está prevista para o primeiro semestre de 2013, um ano após o quadragésimo aniversário do álbum, que marcou a década de 1970 e deflagrou o mais importante movimento musical de Minas Gerais.

Inicialmente agendada para a data, uma exposição itinerante em quatro cidades mineiras também não correrá, pelos mesmos motivos.

O museu, que já existe em versão on-line (www.museuclubedaesquina.org.br), teve mais de R$ 3,5 milhões aprovados pelo Ministério da Cultura (MinC) em dezembro do ano passado.

Mas esse aporte só poderá ser liberado, em parcelas, à medida que os projetos de adaptação do imóvel do museu, pré-requisito do MinC para autorizar a verba, forem desenvolvidos.

"Sem o básico, como o estudo arquitetônico e o sistema elétrico, por exemplo não havia como receber os recursos. Só que, sem esse aporte de dinheiro, não conseguíamos bancá-los. Ficamos um tempo nesse impasse", diz Claudia Brandão, mulher do compositor Márcio Borges e secretária-executiva da Associação de Amigos do Museu Clube da Esquina.

Depois de várias reuniões com representantes do poder público, os primeiros R$ 550 mil foram enfim disponibilizados em 2011, por meio de um convênio.

"Depois de quase três anos, iremos agora assinar um acordo com a UFMG [Universidade Federal de Minas Gerais], que irá gerenciar os recursos", afirma Brandão. A lei obriga que uma instituição se responsabilize pela gestão do dinheiro repassado pelo ministério.

Nos moldes de locais dedicados à música, o museu será um espaço multimídia que terá shows e o acervo pessoal dos artistas -instrumentos, fotos, rascunhos de letras e discos de ouro.

As instalações vão integrar o Circuito Cultural Praça da Liberdade -que agrega museus, biblioteca e centros culturais-, em um imóvel cedido pelo governo de Minas.

"As coisas por aqui andam devagar. Se fosse um museu da tropicália, em Salvador, ou da bossa nova, no Rio, certamente sairia mais rápido", lamenta Márcio Borges, idealizador do projeto.

"A influência do movimento para a cultura brasileira é inquestionável. Mas, hoje, apesar de continuarmos amigos, cada um está focado em sua carreira", afirma o guitarrista Toninho Horta.

"Acho que falta aos mineiros se darem um pouco mais as mãos", acredita.

DOCUMENTÁRIO

O documentário também depende da burocracia. Segundo os produtores, de R$ 1,2 milhão do orçamento aprovado pela Ancine, só R$ 80 mil estão garantidos.

"Já estouramos os prazos, mas estamos otimistas. O assunto voltou à pauta nas empresas", conta Carina Bismarck, produtora-executiva.

Se não alcançar o valor, o filme, dirigido por Daniel Veloso e Eduardo Zunza, pode ser lançado com adaptações.

"Clube da Esquina, o Filme" terá entrevistas e imagens inéditas, incluindo acervo de família. A intenção é exibi-lo em festivais nacionais e internacionais em 2013.

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