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"Licht + Licht" lança luz sobre literatura de Goethe Espetáculo de Caetano Vilela e Cia. de Ópera Seca estreia hoje em Curitiba Peça se baseia em textos do alemão, como "Fausto" e "Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister" GABRIELA MELLÃOENVIADA ESPECIAL A CURITIBA "Mais luz!" As últimas palavras de Goethe reverberam ao longo de "Licht + Licht", espetáculo da Companhia de Ópera Seca baseado na obra do escritor alemão, cuja estreia nacional acontece hoje no 21° Festival de Curitiba. A luz torna-se onipresente nas mãos do diretor Caetano Vilela. Delimita os objetos de cena e a própria caixa preta; incide diferentemente sobre cada personagem da peça, ajudando a caracterizá-los. O encenador, que também assina a dramaturgia, é um dos mais talentosos iluminadores do país. Começou na Companhia de Ópera Seca como assistente de Gerald Thomas e há dois anos o substitui à frente do grupo. Thomas renovou o teatro do país nos anos 1980 com uma estética teatral que, como o nome da companhia sugere, se inspirava na linguagem operística. Vilela, que dedicou a última década às óperas, segue a mesma trilha. Dá prioridade ao papel da iluminação na cena teatral, utilizando-se da luz para produzir uma experiência sensorial. "A luz no espetáculo não é usada como efeito. Ela conta uma história", afirma. "Licht + Licht" (luz mais luz, em alemão) rejeita a lógica do teatro tradicional ao rearticular trechos da obra de Goethe em "Fausto", "Os Sofrimentos de Jovem Werther" e sobretudo "Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister", livro sobre o percurso teatral do jovem a quem o título da obra se refere. Na peça, o encenador reinventa o que seriam as visões derradeiras de Goethe. "É como se os personagens que são pilares da obra dele povoassem sua cabeça antes da morte." O resultado é uma obra caótica, fragmentada, que mistura diversas linguagens artísticas -além do próprio teatro, entram em cena artes plásticas, música e dança. A ambição de Vilela é fazer do espetáculo uma obra de arte total, termo cunhado pelo compositor Richard Wagner, que, no século 19, alterou a partir desse conceito a história da ópera. Como em "Travesties" -peça de Tom Stoppard que foi o primeiro espetáculo criado sob comando de Vilela no coletivo fundado por Thomas-, também aqui o encenador usa a metalinguagem. Na trama, ele insere uma trupe teatral que se questiona sobre o papel de sua arte. "Algumas passagens são tão atuais que parecem improvisadas pelos atores, mas surpreendentemente foram extraídas da obra de Goethe", conta o diretor. A jornalista e a repórter-fotográfica viajaram a convite do Festival de Curitiba. Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros |
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