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Jogo de espelhos

Julia Roberts é a Rainha Má em releitura menos ingênua e cheia de ação de "Branca de Neve"

MARCOS GRINSPUM FERRAZ
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

Desta vez ela não interpreta uma linda mulher, uma profissional de talento ou uma estrela de Hollywood.

Em "Espelho, Espelho Meu", que estreia hoje no Brasil, Julia Roberts é a Rainha Má, e seu admirado sorriso ganha ares ao mesmo tempo traiçoeiros e cômicos. "Tá vendo? Não sou intérprete de uma nota só", ironiza a atriz, durante uma mesa-redonda para jornalistas, em um hotel de Los Angeles.

A "outra face" de Roberts, 44, aparece na adaptação feita pelo cineasta indiano Tarsem Singh do clássico conto de fadas "Branca de Neve", em versão que pouco lembra a registrada pelos irmãos Grimm ou a animação dos estúdios Disney.

"Foi um desafio divertido fazer a Rainha Má", diz. "O Tarsem criou uma estrutura sob a qual me vi livre para propor qualquer coisa, e acabamos nos sentindo como crianças em um playground."

No enredo de Singh, mesmo que o lado infantil não desapareça, ganham espaço um humor menos ingênuo e cenas de ação intensas, com lutas e perseguições. Uma Branca de Neve aparentemente delicada (Lily Collins) se revela corajosa e lutadora, enquanto um príncipe atraente e aventureiro (Armie Hammer) expõe fraquezas.

A Rainha Má, por sua vez, complexada com rugas e outros efeitos da idade, vislumbra no casamento com o príncipe a solução para seus problemas financeiros, causados pelos gastos com festas.

Segundo Roberts, a nova versão, mesmo que humorística, permite interpretações mais profundas do caráter dos personagens, até porque não se pode esquecer que contos de fadas não são nem simples, nem ingênuos.

"Existem alguns tão pesados que às vezes é preciso fazer o que chamo de edição parental", diz ela, mãe de três filhos pequenos. "Enquanto você lê, deixa trechos mais simpáticos, pula outros, e qualquer coisa diz que aquele era apenas um conto curto", conclui, rindo.

Mas os trechos que "seriam pulados" pela atriz interessaram a Singh, que resgatou de versões antigas, por exemplo, a existência de um animal monstruoso nos bosques e o fato de os sete anões serem ladrões de estrada.

Mesmo se valendo de estética e humor marcadamente hollywoodianos, Singh não abandonou sua raiz indiana, inserindo no filme uma cena em que Lily Collins canta acompanhada de coreografia coletiva à la "Quem Quer ser Um Milionário?".

"Sempre gostei de cantar, mas não esperava que ia dar a cara a bater pela primeira vez no estilo de Bollywood", brinca a atriz de 22 anos, filha do músico Phil Collins.

DUAS PRINCESAS

O ano de 2012 parece ser especial para a clássica princesa de cabelos negros e pele branca. Está prevista para junho a estreia de outra adaptação, "Branca de Neve e o Caçador", sob direção de Rupert Sanders e com Kristen Stewart. Em um ambiente de ação e terror, com efeitos especiais grandiosos e batalhas épicas, não deve competir no mesmo nicho de mercado que "Espelho, Espelho, Meu".

Ainda assim, Roberts não esconde certo incômodo com a concorrência. "Sempre haverá 'um outro' para tudo, mas parece que tem acontecido com mais frequência. As coisas andam mais competitivas, mas o que importa é fazer bem a sua parte."

O jornalista MARCOS GRINSPUM FERRAZ viajou a convite da Imagem Filmes

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