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Pianista pop

Fenômeno da música erudita atual, o chinês Lang Lang faz apresentação em SP em maio

Philip Glaser/Southbank Centre
O pianista chinês Lang Lang, que tocará na Sala São Paulo em maio
O pianista chinês Lang Lang, que tocará na Sala São Paulo em maio

ADRIANA KÜCHLER
DE SÃO PAULO

Em maio do ano passado, a Folha fazia uma visita turística ao Teatro alla Scala, de Milão, quando ouviu o som alucinante de um piano.

Das galerias mais altas, era impossível identificar os músicos que ensaiavam lá embaixo. Foi preciso a ajuda de um funcionário do local.

"O da direita, o chinês, é Lang Lang, o pianista mais famoso do mundo", explicou. "O outro [ele consultou um papel] é um tal de Herbie Hancock..."

Transformar o famoso e veterano pianista americano Hancock, 71, em um reles "tal" é apenas uma das proezas de Lang Lang.

Aos 29 anos, ele é um raro fenômeno pop no mundo da música erudita. Foi a estrela da abertura das Olimpíadas de Pequim, tocou num encontro entre o presidente chinês, Hu Jintao, e o americano Barack Obama e virou uma das cem personalidades mais influentes do mundo em 2009, segundo a "Time".

Em maio, ele faz duas apresentações na Sala São Paulo, dentro da programação da Sociedade de Cultura Artística. No repertório, Bach, Schubert e Chopin.

Liszt ficou de fora, apesar da importância que tem em sua formação. Foi ouvindo a "Rapsódia Húngara nº2", num desenho de "Tom e Jerry", que o garoto Lang, aos três anos, começou a se interessar pelo instrumento.

"Fiquei impressionado quando vi Tom tocar a música com dedos tão rápidos e flexíveis", diz em entrevista à Folha por e-mail.

Aos três anos, Lang começou a tocar. Aos cinco, fez seu primeiro concerto. E, aos nove, como se esperaria em uma carreira tão precoce, passou pela primeira crise artística.

Havia se mudado, com o pai, da cidade de Shenyang a Pequim para investir na educação musical. Até que uma professora decretou que não levava jeito para a coisa.

O pai, que não esperava menos do que a perfeição, ofereceu um frasco de remédios para o minipianista e disse que ele deveria se matar. Quando o menino fugiu para a varanda, o pai sugeriu: "Então, pule e morra".

Felizmente, Lang não pulou nem tomou nenhum remédio e até diz não guardar mágoa. "Ser rígido não significa não ter carinho. Entendo que era só o reflexo de um ambiente extremo", diz sobre a China de então. Depois de anos em Pequim, Lang foi estudar nos Estados Unidos, um lugar, na visão do pai, muito "relaxado". "Na China, eu treinava muito técnica. Nos EUA, o professor enfatizava os estilos e a individualidade."

Se Lang garante não ter traumas de infância, decidiu ao menos tomar providências para facilitar a vida dos pequenos artistas chineses.

Criou uma escola de música e uma fundação para incentivar a nova geração, e o fenômeno do crescimento no número de estudantes de piano inspirados no seu exemplo vem sendo chamado de "efeito Lang Lang".

O chinês de mullets e franjinha espetada, no entanto, não é unanimidade. Seus críticos dizem que faz o tipo exibido. Ele nem liga. Lang atribui tanto sucesso à dedicação e também ao destino.

Seu nome significa "homem brilhante". Um Lang quer dizer homem, e o outro, brilhante, uma espécie de bênção ou premonição familiar. "Sou muito feliz por minha família ter escolhido um nome da sorte para mim."

LANG LANG

QUANDO 20 e 22 de maio, às 21h
ONDE Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, 16; tel. 0/xx/11/3367-9500)
QUANTO ainda não definido
CLASSIFICAÇÃO 7 anos

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