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Teatro

Por Beckett, Bob Wilson entra em cena

Celebrado encenador encarna idoso amargurado em "A Última Gravação de Krapp", texto do irlandês que chega a SP

País verá ainda em 2012 ópera de Verdi dirigida pelo americano e dois espetáculos alemães com assinatura dele

GABRIELA MELLÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Passaram-se quase 70 anos até que o teatro plástico do americano Bob Wilson se rendesse às palavras imagéticas de Samuel Beckett (1906-1989). O encontro histórico se deu em 2008, com a montagem de "Dias Felizes", apresentada por aqui em 2010.

No sábado, o encenador que é tido como um dos maiores nomes do teatro experimental estreia no Brasil outra incursão pela obra do irlandês, o solo "A Última Gravação de Krapp". É a mais importante empreitada beckettiana de Wilson, já que o encenador agora está em cena.

"Beckett escreveu 'A Última Gravação de Krapp' para um septuagenário como eu", justifica à Folha o encenador, que não atuava havia 12 anos.

Krapp tem o hábito de documentar a própria história. Grava fitas desde a juventude. Em seu aniversário de 70 anos, escuta uma gravação feita aos 30.

AMARGURA

Beckett discute o envelhecer contrapondo a confiança e o romantismo da juventude à descrença e ao amargor da maturidade. Habituado a desconstruir clássicos, o encenador surpreende ao manter-se fiel à escrita do irlandês. "Beckett é um dramaturgo visual com uma próxima ao meu trabalho", explica.

Wilson extrai o máximo de expressividade de ações dramáticas mínimas. Nos 26 minutos iniciais da peça, impõe a si próprio o desafio de estabelecer a força de sua presença sem dizer uma só palavra, em meio a um cenário iluminado por focos de luz delineados com precisão cirúrgica.

O diretor inspirou-se em Buster Keaton e Charlie Chaplin, alguns dos atores preferidos de Beckett. "Eles rejeitavam o naturalismo. Atuavam fazendo uma espécie de dança. Além disso, interpretavam tragédia como atores cômicos e conheciam o silêncio como poucos", diz.

"A Última Gravação de Krapp" dá início a uma exibição intensa do teatro de Bob Wilson no país. No dia 16, às 20h30, o CineSesc mostra, em sessão gratuita, o documentário "Absolute Wilson", de Katharina Otto-Bernstein.

Em novembro, o artista apresenta no Brasil a estreia mundial de "Macbeth", ópera de Giuseppe Verdi, além de dois espetáculos realizados com a companhia Berliner Ensemble, fundada por Bertolt Brecht (1898-1956): "A Ópera dos Três Vinténs" e "Lulu", de Frank Wedekind, com trilha de Lou Reed.

Uma produção local, com atores brasileiros, também está nos planos de Wilson.

A ÚLTIMA GRAVAÇÃO DE KRAPP
QUANDO sáb. (14), às 21h, e dom. (15), às 18h; na semana que vem, de qua. a sáb, às 21h, e dom., às 18h
ONDE Sesc Belenzinho (r. Padre Adelino, 1.000, tel.0/xx/11/2076-9700)
QUANTO de R$ 10 a R$ 40
CLASSIFICAÇÃO 14 anos

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