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Nelson como ele era

Nos 100 anos do dramaturgo, filha edita em livro trechos de entrevistas e depoimentos

Divulgação
Sequência mostra Nelson Rodrigues em diferentes fases da vida
Sequência mostra Nelson Rodrigues em diferentes fases da vida

FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO

No centenário de seu nascimento, que se comemora em agosto, Nelson Rodrigues ressurge em primeira pessoa.

Filha do dramaturgo e jornalista nascido no Recife em 1912 e morto no Rio de Janeiro em 1980, Sonia Rodrigues alinhavou trechos de entrevistas e depoimentos do pai numa espécie de colagem autobiográfica.

"Nelson Rodrigues por Ele Mesmo" (Nova Fronteira) chega às livrarias na semana que vem e traz uma compilação de declarações de Nelson sobre temas recorrentes no universo do autor -morte, família, sexo, casamento, arte, política, jornalismo.

Ele desfia lembranças da infância e passagens marcantes de sua vida, como o assassinato do irmão Roberto ("O único gênio que conheci na minha vida") ou a tragédia da filha que nasceu cega.

"A proposta do livro é fazer com que o leitor sinta-se ouvindo Nelson", diz a autora. Sonia Rodrigues, escritora de 56 anos, reúne desde 1999 entrevistas e depoimentos do pai na página nelsonrodrigues.com.br. Foi esta a base para a edição livro.

O ineditismo, porém, está mais na edição e na forma do que no conteúdo. Os relatos e as ideias já são familiares aos leitores de Nelson, especialmente aqueles que leram crônicas autobiográficas, como "A Menina sem Estrela", "Óbvio Ululante" e "O Reacionário" e a biografia de Ruy Castro, "O Anjo Pornográfico" (Companhia das Letras).

De todo modo, a costura feita pela filha permite exercícios interessantes, como perceber mudanças de posição de Nelson, caso do divórcio, que ele rechaçava e depois defendeu, ou a adaptação de suas peças para o cinema, a que de início ele se opunha, mas passou a gostar a partir de "A Dama do Lotação", de Neville d'Almeida.

IDEIAS FIRMES

Sonia observa, no entanto, que trata-se de uma exceção, pois, em geral, "as ideias dele se mantêm firmes em todos os depoimentos".

Contraditório, imenso, genial, o homem que emerge destas páginas é o velho Nelson de sempre.

Se há quem ainda não o conheça, a primeira pessoa é uma introdução reveladora.

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