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Crítica show

Dylan faz rock com ânimo, mas toca poucos hits

Mesmo se faltaram clássicos e bis, apresentação que abriu no Rio turnê brasileira do cantor impressiona pela vitalidade

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DO RIO

"Senhoras e senhores, por favor, recebam o laureado poeta do rock and roll, a voz da promessa da contracultura dos anos 60, o cara que forçou o folk a transar com o rock (...), Bob Dylan!"

Como se precisasse lembrar à audiência o tamanho da lenda que ela vai testemunhar em ação, o show de Dylan começa há quase dez anos sempre com essa mesma introdução -foi assim anteontem à noite, no Rio, como em sua passagem anterior pelo Brasil, em 2008.

Não é algo supérfluo: para boa parte da plateia a expectativa por um show de Bob Dylan vem desse reconhecimento da importância do astro. É o fator "eu estava lá".

E esse é, no entanto, o caminho mais fácil para se decepcionar com um show de Bob Dylan. Porque ele não canta nem toca como em seus discos clássicos, não faz um show de "greatest hits", não se dirige ao público -e, no caso do show do Rio, nem se dignou a fazer um bis.

Essa experiência pode ser frustrante, especialmente para quem pagou os ingressos mais caros da atual turnê, a partir de R$ 500; não por acaso, o Citibank Hall estava com pouco mais de meia lotação.

Mas, uma vez que você tira da frente as questões mais óbvias -a voz rouca quase ininteligível, os formatos modificados das melodias clássicas, o fato de ele sempre deixar de fora alguma das suas favoritas-, passa a prestar atenção em outras coisas.

Por exemplo, no afiado quinteto que o acompanha, na vitalidade que as músicas mantêm mesmo com andamentos modificados, na diversão que é estar ali vendo um senhor de 70 anos fazendo rock com ânimo, alternando guitarra, gaita e teclados.

Mostrando-se bem mais animado (a seu modo econômico, é claro) do que em sua passagem anterior, Dylan equilibrou o repertório do show: foram sete canções dos anos 60 e seis dos anos 2000, entre as 16 apresentadas em 1h40. Saiu-se melhor quando pendeu para o passado.

Clássicos como "It Ain't Me, Babe", "Highway 61 Revisited" e "Like a Rolling Stone" foram pontos altos de um show que merece ser visto, ainda mais a preços menos extorsivos que os do Rio.

BOB DYLAN
SHOWS ginásio Nilson Nelson - Brasília (amanhã, às 21h30); Chevrolet Hall - BH (19/4, às 21h); Credicard Hall - São Paulo (21/4, às 22h, e 22/4, às 20h); Pepsi on Stage - Porto Alegre (24/4, às 21h)
QUANTO de R$ 120 a R$ 800 (à venda em ticketsforfun.com.br)
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO bom

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