Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

O começo da estrada

Adaptação de "On the Road" por Walter Salles inicia sua carreira entre os 22 filmes da competição de Cannes

Gregory Smith
Sam Riley e Garrett Hedlund em 'Na Estrada
Sam Riley e Garrett Hedlund em 'Na Estrada'

RODRIGO SALEM
DE SÃO PAULO

No instante em que "Na Estrada", adaptação da obra de Jack Kerouac pelas mãos do brasileiro Walter Salles, estrear no 65º Festival de Cannes, uma jornada de mais de 30 anos estará concluída.

O caminho que ontem deu na seleção oficial do evento (de 16 a 27/5) começou em 1979, quando Francis Ford Coppola comprou os direitos para cinema. Desde então, o cineasta tentava levar o texto às telas. Mas o projeto só tomou forma quando Salles subiu a bordo, em 2004.

"Alguém da produtora dele viu 'Diários de Motocicleta' e nos encontramos para falar de 'On the Road'", lembra Salles, 56. "O livro tinha me impactado, aos 18 anos. Fiquei marcado pela liberdade radical dos personagens. Era o oposto do que vivíamos no Brasil dos anos 1970."

"As dificuldades que encontramos foram sobretudo ligadas à complexidade do projeto e à necessidade de fazer o filme com um orçamento apertado [de US$ 25 milhões]. Mas os limites funcionaram a favor do longa."

Outros pontos ajudaram a produção, como a paixão dos atores pela obra original. Caso de Kristen Stewart, que vive Marylou. "'On the Road' era um dos livro de cabeceira dela", diz Salles, que dirigiu a estrela de "Crepúsculo" sem problemas, mesmo nas cenas de nudez total.

"Há uma qualidade libertária em Marylou, um desejo de experimentação, que Kristen conhecia bem."

Sam Riley, que faz o alter ego de Kerouac, Sal Paradise, e Garrett Hedlund (o amigo Dean Moriarty), embarcaram logo depois. Mas quem impressionou foi Viggo Mortensen, no papel de William Burroughs. "Ele chegou pronto no set, com a roupa do personagem, a máquina de escrever e o revólver que ele usava em 1949. Foi uma transformação impressionante."

A viagem libertária dos amigos levou a equipe ao Canadá, EUA e México. Em vários pontos, usando a réplica do carro que a dupla dirigiu nos anos 1940. "Tivemos de ir longe em busca daquela última fronteira norte-americana que os personagens almejam encontrar. Rodamos 100 mil quilômetros."

A ida ao festival francês é o início de um novo périplo. "Cannes é antes de mais nada um ponto de encontro. 'Na Estrada' é o resultado de uma obsessão de juventude e vai vir ao mundo no festival."

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.