A mãe de todas as farsas

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JT LeRoy (encarnado por Savannah Knoop) e Laura Albert

Foi o maior escândalo literário dos últimos tempos.

Por dez anos, JT LeRoy, um adolescente travestido e viciado em drogas, cuja mãe o forçara a se prostituir em paradas de caminhoneiros, fez sucesso com relatos crus e pesados sobre sua vida.

Por volta de 1996, LeRoy começou a escrever artigos para jornais e revistas. Seu primeiro romance é de 1999. "Sarah" (Geração Editorial; R$ 34, 160 págs.) recebeu ótimas críticas e caiu no gosto de celebridades como Madonna, Lou Reed, Courtney Love e Shirley Manson, da banda Garbage (que fez uma música para LeRoy).

Seu segundo livro, "The Heart Is Deceitful above All Things" -no Brasil, "Maldito Coração" (Geração Editorial, R$ 34, 216 págs.), virou um filme em 2004, dirigido por Asia Argento, com participações de Peter Fonda, Ben Foster e Winona Ryder.

Em 2006, a bomba: JT LeRoy não existia. Ou melhor: existia como obra de ficção, saída da cabeça de Laura

Albert, uma operadora de telessexo, cantora de punk-rock e escritora de pouco sucesso, que não só inventou o personagem como passou a "interpretá-lo" em conversas telefônicas, mantidas com várias pessoas ao longo de anos.

Quando a demanda por aparições públicas de LeRoy cresceu, Albert convenceu a jovem Savannah Knoop, irmã de seu namorado, a usar uma peruca e encarnar o adolescente escritor.

Neste fim de semana, Laura Albert estará na Bienal Brasil do Livro e da Leitura, em Brasília, relançando os dois primeiros livros, pela primeira vez com seu próprio nome.

"O Brasil é o primeiro lugar onde vou falar sobre as obras. Espero que as pessoas vejam os livros pelo que eles são, e não pelo que a mídia os tornou", disse à Folha.