Bienal Nacional do Livro debate limites de biografias

Uma biografia nunca é definitiva, esteja o biografado morto ou vivo. Sobre essa reflexão e algumas outras se debruçaram jornalistas-biógrafos na noite de quinta, na primeira edição da Bienal Nacional do Livro e da Leitura, que acontece em Brasília.

A dificuldade maior está com o biografado em vida, afirmou Fernando Morais -que trabalha agora no livro sobre o ex-presidente Lula.

"Imagina alguém ter feito a biografia do senador Demóstenes Torres e publicado no dia 28 de fevereiro. No dia 29 prendem o [Carlinhos] Cachoeira. Você ia ter que mudar de profissão!", brincou.

O debate esquentou quando surgiu o assunto da saúde do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Morais disse que são informações "plantadas" as notícias que indicam a morte próxima do político latino.

O escritor ainda criticou a abordagem do hospital Sírio-Libanês com personalidades. "Você acha que ele deixou de se tratar no Sírio-Libanês para ir para Cuba por quê? Porque lá havia uma garantia de que a doença dele não ia ser transformada num circo."

Morais se disse "envergonhado" com esse tipo de abordagem. "Eles transformam o lobby de entrada do Sírio numa entrada de cassino de Las Vegas", criticou.

O Sírio-Libanês foi procurado e não se manifestou até o fechamento desta edição.

O debate sobre biografias e biografados se travou entre outros três jornalistas-biógrafos: Carlos Marcelo, José Roberto Burnier e a colunista da Folha Eliane Cantanhêde.

BIENAL

A bienal, que se encerra na segunda, já recebeu atrações como o paquistanês Tariq Ali, que discutiu o fortalecimento das religiões em tempos de crises econômico-sociais, e a cronista Martha Medeiros.

Entre os destaques dos próximos dias estão Gill Pittar, da Nova Zelândia, que fala sobre o sucesso infantil "Milly Molly", e, no domingo, as conversas com os escritores Thalita Rebouças, do Rio, e Alan Riding.