Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Crítica / MPB "Reza" começa enérgico, mas decai após o primeiro terço Disco é o primeiro lançado por Rita Lee desde que ela deixou os palcos RODRIGO LEVINOEDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA” Quando anunciou que deixaria os palcos, Rita Lee, 64, esclareceu que não largaria o estúdio. Está aí "Reza" para cumprir a promessa. Gravado em casa, é fruto de um trabalho a seis mãos: da própria Rita, de Roberto de Carvalho, seu marido e parceiro, e do produtor Apollo Nove. Com este, que produziu 4 das 14 faixas, a cantora trabalhou há seis anos em músicas agora resgatadas. Apollo, conhecido pela expertise em intervenções eletrônicas, não salva o disco de soar como a Rita de há pelo menos 15 anos: rock com chá de camomila. Ou melhor: "Reza" ensaia um começo rock, mas termina chazinho. Abre com a fascinante "Pistis Sophia", também título de um conhecido texto gnóstico, em que os versos dão à canção um tom de oração. Viés comum a "Reza", que é dessas para fechar o corpo. A melhor do disco, por sinal. Seguem "Tô Um Lixo" (com Iggor Cavalera na bateria), "Divagando" e "Vidinha", baita trinca de canções confessionais ("Parei de beber / parei de fumar / parei de jogar" ou "Faço terapia / malho todo dia / pratico ioga / não uso mais droga"). Até que o disco decresce. Entre canções bobinhas e letras eivadas de trocadilhos e jogos de palavras, salva-se "Rapaz", blues de amor rasgado que parece saída de sua lavra do começo dos 80. Difícil não lhe tascar o rótulo de "tiazona que já foi muito louca e ficou meio sem graça" ouvindo coisas como "Saddam Hussein pra lá / Aiatolá pra cá / Tabouli, esfiha, kibe, humus, vatapá". Caberia melhor como um arroubo do Tom Zé ou refrão de uma marchinha de Carnaval, em que entrariam ainda versos de "Bamboogiewoogie" (que tem um pé no samba-rock) como "Eu I love you, mas você não love me eu". Como não é o caso, soa só datado e enfadonho. Por sorte há o começo do disco. Melhor fechar no terço inicial. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |