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Show de 'rapper digital' anima e revolta fãs

Tupac, morto em 1996, cantou com Snoop Dog no festival Coachella, mas uso da tecnologia gerou reações diversas

Mistura de imagens digitais e ilusão de óptica, técnica pode resultar em turnês de outros artistas mortos

THALES DE MENEZES
ENVIADO ESPECIAL A INDIO (EUA)

Holograma ou imagem digital em tela? Perfeição ou só um desenho ao estilo de games como "Guitar Hero"? Homenagem ou caça-níqueis? As perguntas voltam à plateia no encerramento do festival Coachella, nesta noite, na que deve ser a prévia da turnê do "Tupac digital".

Muito se falou durante a semana sobre as imagens de Tupac Shakur (1971-1996), assassinado em um tiroteio em Las Vegas, cantando e dançando no palco, numa performance "inédita".

O efeito foi projetado no show de Dr. Dre e Snoop Dogg, que encerrou o primeiro dos dois finais de semana do evento, em Indio, na Califórnia (costa oeste dos EUA).

O dueto de Snoop Dogg com a projeção de Tupac causou mais polêmica na internet, nos dias seguintes ao show, do que na plateia do festival. Mais do que discutir os segredos tecnológicos, os fóruns questionam se isso abrirá espaço para shows de "defuntos virtuais" do pop.

Snoop Dogg anunciou que pretende levar a brincadeira visual em uma turnê pelos Estados Unidos. Se isso já é capaz de alvoroçar um mercado de shows ruim das pernas como o cenário americano atual, que tal turnês de

Michael Jackson, Kurt Cobain ou Amy Winehouse?

Gravações da projeção foram publicadas no YouTube nos últimos dias, muitas já retiradas do ar.

A questão técnica parece ter acabado. Não é um holograma. Trata-se de uma imagem digital criada por equipes que trabalharam para o filme "O Curioso Caso de Benjamin Button". O custo pode ter chegado a US$ 400 mil (cerca de R$ 750 mil).

QUALIDADE DA IMAGEM

Em local menor e fechado, a imagem de Tupac pode melhorar de qualidade. No show do Coachella, a posição do fã na plateia fez muita diferença para sentir o impacto do rapper virtual.

A imagem tinha muito mais qualidade quando era observada por quem estava diretamente de frente para o palco. O público nessas condições registrou nos celulares as melhores imagens jogadas na internet.

Quem estava nas laterais viu uma imagem mais brilhante e embaralhada, que chegava a desaparecer em alguns momentos.

O truque não foi uma unanimidade na plateia. Entre aplausos e urros de vibração, muitas vaias também foram ouvidas.

Nas conversas depois do show, foi fácil perceber que muita gente não gostou da questão moral de simular um show de um artista morto. Para esses fãs, aquilo que viram não era Tupac.

A família do rapper, previamente remunerada, adorou. Vem aí a primeira de várias turnês póstumas?

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