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Trabalho investiga cultura francesa na ocupação alemã

Para jornalista Alan Riding, resistência foi menos contundente do que gostam de acreditar os franceses

Filho de britânicos nascido no Rio, o autor lança hoje "Paris: A Festa Continuou" em livraria de São Paulo

RAQUEL COZER
COLUNISTA DA FOLHA

Em julho de 1940, um mês depois da ocupação de Paris pelos nazistas, o ministro alemão Joseph Goebbels (1897-1945) visitou a Cidade Luz e constatou uma coisa: o clima andava soturno demais.

Quanto mais os franceses pudessem ficar entretidos, menos problemas causariam. Mas o plano de Goebbels era um pouco mais radical.

"Sem entender como aquele povo degenerado podia ditar o bom gosto na Europa, ele via naquela espécie de liberdade vigiada a oportunidade de infiltrar a cultura alemã na sociedade francesa", diz o jornalista Alan Riding.

Para o autor de "Paris: A Festa Continuou", que tem lançamento hoje em São Paulo, isso ajuda a explicar por que a festa parisiense que

Ernest Hemingway (1899-1961) testemunhou no período entreguerras se manteve relativamente ativa nos quatro anos de ocupação alemã­.

Uma conclusão que também esclarece o provocativo título do livro: a tão alardeada resistência artística francesa não foi significativa como gostariam alguns.

FUGAS E VINHOS

É certo que intelectuais como Hannah Arendt (1906-1975) e Max Ernst (1891-1976) precisaram fugir, enquanto outros se esconderam ou recorreram ao silêncio.

Algumas das obras mais contundentes daquela fase foram conhecidas só muito depois -caso da "Suíte Francesa", de Irène Némirovsky (1903-1942), publicada apenas em 2004.

Mas outros nomes não hesitaram em participar de recepções organizadas pelos alemães, como forma de beber bons vinhos e se manter em evidência.

"[Jean-Paul] Sartre, por exemplo, saiu como grande nome da resistência, mas fez muito pouco pela causa", diz Riding, filho de britânicos nascido no Rio, em perfeito português, por telefone, de Brasília, onde estava ontem para a Bienal Brasil do Livro e da Leitura.

Se fracassaram na imposição da cultura alemã, os nazistas alteraram o cenário cultural francês.

Embora tenha antecedido uma forte produção cinematográfica, a ocupação alemã marcou de forma definitiva o início do declínio da produção literária e das artes visuais no país.

PARIS: A FESTA CONTINUOU
AUTOR Alan Riding
EDITORA Companhia das Letras
TRADUÇÃO Celso Nogueira e Rejane Rubino
QUANTO R$ 54 (464 págs.)
LANÇAMENTO hoje, às 19h30, debate do autor com o economista Celso Lafer, na Livraria da Vila - Lorena (al. Lorena, 1.731, tel. 0/xx/11/3062-1063, grátis)

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