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Crítica / Paul Mccartney Ex-beatle sua para sacudir público em Recife Músico, que toca na quarta em Florianópolis, encontrou plateia dispersa e pouco reverente no sábado passado RODRIGO LEVINOENVIADO ESPECIAL A RECIFE No sábado, Paul McCartney deu início ao braço nacional da turnê "On The Run", que estreou em julho de 2011, apresentando-se para 40 mil pessoas em Recife. Ao longo de duas horas e meia, o ex-beatle desfiou grandes sucessos de diversas fases da carreira, tanto dos Beatles como de projetos solo como Wing e Fireman. Na forma, o show pouco diferiu do trazido ao país em 2010 e 2011. A banda é a mesma e, de Paul, permaneceram a disposição e a "mise-en-scène" para ganhar a plateia, como as frases de efeito pronunciadas em algo próximo do português. Parte do jogo. Carismático e sem deixar brecha para nada não ensaiado, Macca fez charme ao chamar os pernambucanos de "povo arretado". O estádio do Arruda veio abaixo. É verdade que o show demorou um pouco a engrenar. Incomodado com o calor -quando subiu ao palco fazia 29 graus na cidade- o cantor se mostrou distraído no primeiro terço da apresentação e com a voz prejudicada, melhorando com o clima. As novidades mais significativas em relação aos shows anteriores vieram do repertório, com a inclusão de "Junior's Farm", "Sing the Changes" (um dos temas da campanha de Barack Obama em 2008) e "The Night Before", do disco "Help", que ele nunca tocara no Brasil. Além dessas, "My Valentine", do disco recente "Kisses on the Bottom" e dedicada a Nancy, sua mulher, seguida por "Maybe I'm Amazed", composta para Linda, sua ex-mulher, morta em 1998. Mais ao fim, outra mudança pontual: um medley de três canções dos Beatles ("Golden Slumbers", "Carry that Weight" e "The End") do disco "Abbey Road", de 1969. Mas essas particularidades passaram quase despercebidas pelo público, que, ao que parece, esperava um show dos Beatles. É a explicação possível para tanta apatia. Foram três os momentos em que a plateia se conectou ao artista: "And I Love Her", "Live And Let Die" (quem sabe por causa dos fogos) e "Hey Jude" (é fácil cantar o "nanananá"). De resto, a audiência se mostrou pouco reverente. Durante a execução da delicada "Blackbird", por exemplo, ao fechar os olhos era possível se imaginar em um bingo de quermesse, tamanho o barulho de conversas. No fim das contas, Paul venceu o "round" contra o público, com o tesouro de grandes canções que tem em mãos. Mas merecia mais respeito. Pelo que construiu em 50 anos de carreira e pela história que continua fazendo, com disposição, carisma e comprometimento. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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