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Bach de ponta

Profissionais renomados da dança criam coreografias para suítes do compositor alemão

Fotos Sergio Carvalho/Folhapress
Dimos Goudaroulis toca violoncelo em meio a dançarinos durante ensaio de 'Logos-Diálogos
Dimos Goudaroulis toca violoncelo em meio a dançarinos durante ensaio de 'Logos-Diálogos'

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nascido em 1970, o violoncelista grego Dimos Goudaroulis estuda e toca as seis suítes de Bach (1685-1750) há 28 anos. O tempo de convivência com as obras criou uma intimidade atípica: ele sabe dizer quantos compassos há em cada movimento.

Faz somas das notas que estão nas partituras das composições e atribui sentidos místicos à criação do músico alemão: "Muitas somas levam ou ao número seis, ou ao número três", atesta.

A obsessão que Goudaroulis desenvolveu pela obra de Bach contaminou seis coreógrafos. Com o violoncelista, Jorge Garcia, Luis Arrieta, Henrique Rodovalho, Tíndaro Silvano, Ismael Ivo e Deborah Colker participaram da concepção de um projeto inédito: transformar as seis suítes em dança para uma série que acaba de sair do forno, batizada de "Logos-Diálogos".

As apresentações estão programadas para acontecer em maio, no teatro Alfa, e serão divididas em duas etapas.

Nos dias 1º e 2, Garcia, Arrieta e Rodovalho apresentam coreografias com as três primeiras suítes. Nos dias 8 e 9, Silvano, Ivo e Colker mostram as últimas partes.

Goudaroulis estará no palco nas seis apresentações, executando ao vivo o acompanhamento musical. "Existe um diálogo muito preciso entre mim e os bailarinos, com abertura para improvisos no andamento, uma vez que nunca toco as suítes da mesma maneira", conta o músico, que participou do processo de criação de todos os coreógrafos.

Não foi tarefa simples. Os ensaios obrigaram-no a organizar um extenso roteiro de viagens com escalas na Itália, onde encontrou Ismael Ivo; em Goiânia, onde Henrique Rodovalho dirige a Quasar; no Rio, para ver Deborah Colker; e em Belo Horizonte, onde trabalha Tíndaro Silvano.

Os encontros pautaram uma unidade. "Ele falou muito sobre um sentido místico que dá à obra, sobre as coincidências numéricas, sobre os ritmos", conta Silvano, encarregado de criar uma dança para a "Suíte nº 4".

"Com base nessa conversa, decidi trazer um vocabulário de época para uma coreografia contemporânea", diz ele, cuja linguagem tem como base técnicas do balé clássico.

As suítes não foram criadas por Bach para serem dançadas, mas todas aludem a ritmos e danças do século 18 (leia mais ao lado).

Em cena, essa característica faz com que se acumulem referências e estilos dos séculos 17 e 18, ainda que sob vértice contemporâneo.

O figurino e o cenário de Fábio Namatame e a iluminação de Joyce Drummond também garantem a unidade entre as peças, diz Arrieta, encarregado da "Suíte nº 2".

Em sua concepção para o projeto, diz que usa o número dois como símbolo e elemento cênico. Essa representação está, por exemplo, na opção por um duo. Ele entra em cena com Ana Botafogo.

LOGOS-DIÁLOGOS

QUANDO dias 1º, 2, 8 e 9 de maio, às 21h
ONDE teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722; tel. 0/xx/11/5693-4000)
QUANTO de R$ 60 a R$ 90
CLASSIFICAÇÃO 12 anos

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