Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Fotógrafo de guerra defende uso de celular

Para Balazs Gardi, que tem coletânea de imagens na revista "Zum", impacto de iPhone é igual ao de câmera Leica

Gardi participa de debate sobre nova fotografia de guerra amanhã, no Instituto Moreira Salles, em SP

FABIO CYPRIANO
CRÍTICO DA FOLHA

Para o fotógrafo húngaro Balazs Gardi, o uso de telefones celulares para registrar situações de guerra representa a mesma revolução que as câmeras Leica impulsionaram há mais de um século.

"Quando a primeira Leica surgiu, e os formatos grande e médio foram substituídos por esse instrumento muito menor, ela deu aos fotógrafos a possibilidade de se aproximar do objeto de uma nova e diferente forma", conta Gardi, por e-mail, à Folha.

Na última década, Gardi acompanhou conflitos no Iraque e no Paquistão munido de um iPhone. Em vez de filmes, ele usa aplicativos.

No final, defende, esse sistema "não é diferente do filme tradicional da fotografia, afinal, cada peça é escolhida cuidadosamente para criar o olhar que eu tinha em mente na hora de fazer a foto".

As imagens que saíram de seu celular, assim como dos de outros membros do coletivo de que ele faz parte, o Basetrack, estão publicadas, agora, na segunda edição da revista "Zum" (IMS, R$ 45, 180 págs.), que será lançada amanhã, em evento que inclui debate com o fotógrafo.

Segundo texto do jornalista Leão Serva que acompanha a publicação, "os maiores furos fotográficos da onda de rebeliões chamada Primavera Árabe foram clicados por amadores e publicados nas redes sociais".

Pois é justamente a internet o espaço que o Basetrack -criado em 2010 para acompanhar o dia a dia de um grupo de fuzileiros navais americanos no Afeganistão- usa para transmitir suas imagens.

De certa forma, isso passou a ser feito já que Gardi não conseguia que agências de notícia internacionais dessem valor a seu trabalho.

"As agências eram incapazes de lidar com questões relevantes, então a maior parte das reportagens que eu fiz de forma independente, no Afeganistão e no Paquistão, nunca foi usada", diz.

Desde a invasão ao Iraque, em 2003, Gardi e outros membro do Basetrack participaram de guerras como jornalistas "embutidos" ("embedded"), ou seja, fizeram parte das tropas norte-americanas.

Para o húngaro, o importante nesse procedimento foi "o acesso ilimitado às tropas durante todo seu deslocamento". O coletivo de fotógrafos criou uma forma de conexão entre os militares e seus familiares. "Ter a possibilidade de publicar de forma independente, usando um método novo e não ortodoxo, foi muito libertador", completa.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.