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Coleção Folha traz as rememorações de Lobo Antunes

Escritor português transforma lembranças particulares em alegoria para crises existenciais advindas da guerra

Romance é o 4º título de seleção que reúne 25 obras de importantes escritores de língua portuguesa e espanhola

DE SÃO PAULO

"Nós não inventamos nada. Quando escrevemos um livro, estamos falando de nós mesmos. É você quem está no livro, através daquelas vozes. Ou melhor, a voz é apenas uma", disse o escritor português António Lobo Antunes certa vez em uma entrevista.

Não é segredo, portanto, que sejam suas as lembranças que guiam "Memória de Elefante". Primeiro romance do autor, o livro, que chega às bancas no próximo domingo, é o quarto volume dos 25 títulos que compõem a Coleção Folha Literatura Ibero-Americana.

Escrito em 1979, "Memória de Elefante" faz uma ponte entre a experiência do autor e episódios importantes da história do século 20.

Lobo Antunes classifica o romance como a primeira peça de seu "ciclo de aprendizagem literária", por já conter as bases existencialistas e desiludidas de sua obra.

O livro retrata a vida de um psiquiatra sem nome que lutou em Angola na Guerra Colonial Portuguesa, nas décadas de 1960 e 1970, e volta a viver em Lisboa, separado da mulher e de suas duas filhas.

A narrativa se passa em um único dia, no qual o protagonista atravessa os corredores de um sanatório, onde narra a tristeza advinda da guerra e de suas escolhas pessoais.

É Portugal, no entanto, o seu personagem mais complexo. O doloroso processo de descolonização da África, o fim de 44 anos de regime salazarista e o impacto social em um país que deixa de ser império para se tornar livre.

Liberdade que só viria, de fato, a florescer com as palavras de ordem da Revolução dos Cravos, em abril de 1974.

Considerado pelos críticos como o "anti-Saramago", por servir sua narrativa de múltiplas vozes e rememorações tão autobiográficas quanto fantasmagóricas, António Lobo Antunes construiria uma obra de referência mundial.

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