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A cor do som

Centenário do músico John Cage inspira artistas da Bienal de São Paulo e mostra no MAM do Rio

Rowland Scherman/Getty Images
O compositor norte-americano John Cage, em foto de 1966
O compositor norte-americano John Cage, em foto de 1966

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Em quatro minutos e 33 segundos, John Cage causou uma revolução. Há 60 anos, ele chamou um pianista para tocar uma composição vazia diante de uma plateia: três movimentos de silêncio, com essa duração arbitrária.

Mas não era só silêncio. Cage disse depois que, na estreia da peça, era possível ouvir o vento soprando lá fora, as gotas de chuva no telhado e os sussurros na plateia.

Sua obra provocou e ainda provoca esse deslocamento, o som como moldura para algo além dele, música sem intenção clara -a ideia de arte plural, que mistura estímulos visuais e sonoros.

Morto em 1992, ele faria cem anos neste ano e está sendo relembrado agora em mostras pelo mundo. Uma delas começa amanhã no Museu de Arte Moderna do Rio.

Em setembro, a influência de Cage também será sentida na Bienal de São Paulo, que escalou uma série de artistas ligados a seus experimentos. Será um retorno de suas ideias à mostra paulistana, que recebeu o artista americano em sua edição de 1985.

"Cage é uma figura seminal para entender a arte em campos expandidos", diz Luis Pérez-Oramas, curador da Bienal. "É uma arte que tem como matéria a própria arte. É ao mesmo tempo um conceito, uma experiência, uma forma de percepção."

Cage dissolveu limites entre as formas de expressão. Criou trilhas sonoras para coreografias de Merce Cunningham, seu parceiro, e cedeu suas noções de acaso, de repetição e de vazio à obra visual de artistas como Josef Albers, Jackson Pollock e Robert Rauschenberg.

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