Filme traz colagem de imagens que levariam à Revolução Russa

Ao longo de anos, a cineasta a russa Esther (ou Esfir) Shub coletou imagens anteriores à Revolução de 1917 para juntá-las na narrativa documental "A Queda da Dinastia Romanov" (1927), que a TV Cultura exibe amanhã.

O filme é pura propaganda talentosa -no espírito de "Outubro", feito no mesmo ano por Sergei M. Eisenstein, mas com imagens reais.

A sucessão cuidadosa de pedaços de filmes pega o espectador pelo braço e aponta-lhe a desigualdade entre o trabalho duro dos servos ante suas isbás humildes e o estilo de vida faustoso dos proprietários de terra.

Também esfrega na cara do burguês a celebração dos 300 anos da dinastia Romanov, rega-bofe prestigiado pelas principais cabeças coroadas da Europa e por gente já da realidade pós-guilhotina, como Raymond Poincaré, então presidente da França.

Passamos por inquietações militares e sociais e pela abdicação do czar Nicolau 2º até chegarmos à mãozinha de Vladimir Lênin em aceno triunfante ao som da "Internacional" (a trilha sonora foi acrescida mais tarde) na volta do exílio, em 1917, meses antes da Revolução.

Na toada de um trem-fantasma, dá frio na espinha, mas vale o tour.